Carina Vitral: Balanço de 2017 para as mulheres

2017 está chegando ao fim e está na hora de fazer um balanço. Rever como foi o ano. Em especial para as mulheres, os jovens e a democracia como um todo.

Por Carina Vitral*

Carina Vitral Diretas no largo daBatata - cuca da une

Este ano foi marcado pela consolidação do golpe de 2016. Depois de destituir a presidenta Dilma, Temer e seu grupo ao longo do ano minaram direitos, orquestraram cortes em áreas estratégicas para o país e prepararam o terreno para muitos outros ataques.

Os golpistas mostraram as garras, mas a resistência e a luta foram maiores e falaram mais alto que o que se sussurrava pelos corredores da câmara e do senado em tom conspiratório.

Enquanto se planejava em gabinetes, o povo estava nas ruas.

Já no início do ano, estive na bienal da Une, em Fortaleza. Foi um momento de debater, com estudantes de todos os lugares, para unir as criatividades e reacender o espírito de luta de quem quer resgatar um Brasil muito diferente do que está aí.
Fortaleza, o Ceará e todo país ouviram o que a gente tinha a dizer.

E muito tinha a ser dito. 2017 foi marcado por cortes de verbas para universidades, congelamento de investimentos, ameaças ao futuro de pesquisadores e da educação em geral.

Se os jovens estavam na luta, podemos dizer o mesmo das mulheres. O machismo continuou a todo vapor, a chamada onda conservadora ainda tem força. Projetos de lei que retiram direitos históricos de todas nós voltaram a assombrar, como os retrocessos na legislação do aborto. De novo, o plenário e quem o domina não refletiu o que pensa realmente a maior parte da sociedade. Diante de tantas ameaças, o feminismo se manifestou em todo país, não aceitando o que os reacionários querem impor.

Jovens, mulheres. E todos nós. A indignação contra o governo Temer tomou conta do país.

As manifestações contra as assim chamadas “reformas” do governo de Michel Temer foram outro ponto alto de 2017. Os protestos contra a reforma trabalhista e da previdência chegaram a reunir 300 mil pessoas na Avenida Paulista. Este ano também entrou para a história com a maior greve geral desde 1989. Foram mais de 35 milhões de pessoas de braços cruzados, lutando e mostrando a força da vontade popular.

Então, mesmo com tantas notícias ruins ao longo do ano, podemos dizer que vimos a luz da esperança brilhar.

É bem claro o crescimento pelo interesse com a política entre a juventude, temos manifestações nas ruas, nas redes sociais, no dia a dia.

Temos mais pessoas se preocupando e propondo novos rumos. Podemos esperar novos nomes na política. Uma política mais jovem, mais feminina. De esquerda. Esse movimento vem tomando conta do nosso continente e, eu tenho certeza, também vai adentrar o Brasil.

Não há o que temer. Essa época deixa todos com mais esperanças, e eu não sou diferente. Tenho confiança que vamos desenvolver uma frente ampla, que trará propostas para um país mais igualitário. Para fazer do país que sonhamos uma realidade que podemos nos orgulhar.

Isso une todos nós: a esperança de dias melhores e um futuro mais bonito.

Que venha 2018. Nós estamos prontos para lutar! Boas festas, um feliz ano. Que a gente possa construir o país que sonhamos!