Pedro Taques ficará pendurado na brocha?

Por fim, uma indagação no ar: o Governador Pedro Taques conseguirá “recompor” com as forças que garantiram sua ascensão ou estas o abandonará, deixando-o pendurado na brocha?

Eleições 2018 - Miranda Muniz
 • Miranda Muniz
 

José Pedro Gonçalves Taques talvez tenha sido a figura “mais descolada” (sem dinheiro, sem ascendência familiar importante e sem grupo político) dos poderes político e econômico que tenha galgado postos tão importantes na política Estadual.

Ganhou notoriedade graças a tal “meritocracia”, na função de Procurador da República, período que enfrentou grandes esquemas mafiosos no Estado. Investigou e propôs condenação ao bicheiro e João Arcanjo Ribeiro ("O Comendador"), desvendou esquemas de corrupção da SUDAM, e em outros órgãos públicos.

Em 2010, abandona o Ministério Público Federal, candidata ao Senado e sai vitorioso, numa disputa em que soube muito bem fazer as alianças, muitas “por baixo dos panos”, com setores que dominam a política e que tem o comando do poder econômico do Estado.

No Senado, formou um “trio do barulho”, uma espécie de “Os Três Mosqueteiros”, com Randolfe Rodrigues (quando ainda era PSOL) e Demóstenes Torres (DEM, ex-promotor de Justiça, e posteriormente cassado por envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeiro) e, com discurso inflamado contra a “corrupção e os desmandos”, surfou na onda “falsa moralista” do período preparatório ao Golpe contra a Presidenta Dilma.

Em 2014, “foi adotado” pelo “Agronegócio” e pelas “oligarquias” políticas locais, com a missão de ocupar o cargo político máximo  do Estado.

Entretanto, já na posse, com seu estilo excêntrico, “esnobada” os setores políticos/econômicos que lhes garantiram a eleição e sinaliza claramente para um estilo de governo do “Eu Sozinho”.

Imaturo na política compõe inicialmente um secretariado “técnico”, com jovens valores, mas desprovidos de experiência administrativa e trato com os meandros da política, sobre os quais ele mantinha o controle total das ações. Além disso, chamou a “polícia” para dentro do Governo, a exemplo da SEMA, da Secretaria de Justiça, etc, apresentando “a senha” do governo austero, uma das suas principais bandeiras de campanha.

Não demorou mais de um ano e o “Novo Governo” já começava a “fazer água”, por falta de resultados práticos e pelo aparecimento do primeiro grande caso de corrupção em seu governo – o Caso Seduc. Assim, foi obrigado a promove uma guinada e começa a “recompor” o Governo com o “pessoal da política”, para tentar conter o visível isolamento.

Essa inabilidade em “manejar a política”, fez abrir uma crise desgastante com os servidores em função de uma negociação atabalhoada em relação ao reajuste geral anual (RGA) que, em cima de factoides, afirmava inicialmente a impossibilidade do reajuste e depois da pressão e luta dos servidores, inclusive desmascarando os números apresentados pelo Governo, foi obrigado a ceder.

Para piorar, surge a escabrosa “Grampolândia Pantaneira”, esquema de escutas clandestinas que funcionava a todo vapor ao lado do seu gabinete e que, tudo indica, comandada pelo seu primo e Secretário da Casa Civil Paulo Taques, onde bisbilhotava desde adversários, profissionais da imprensa, pessoas da relação pessoal e até mesmo aliados, fato que atingiu em cheio a chamada “confiança” dos aliados que, em política, é como um cristal fino que se quebra e que dificilmente poderá retornar ao estado original.

Pesquisa recente divulgada pelo IBOPE, num momento em que ainda não há oposição consistente, aponta que o Governador lidera na maioria dos cenários. Entretanto, com um grau de aceitação muito baixa (89% dos entrevistados ou não decidiram em quem votar ou declararam voto branco ou nulo) e com um índice de rejeição bastante elevado, demonstrando que um grande espaço vazio a ser ocupado.

Ou seja, Pedro Taques não está navegando em “sol de brigadeiro”.

Os tubarões do agronegócio estão “rodeando o bote”, esperando pra ver o que vai dar; os aliados, mesmo participando do Governo, tramam nos bastidores; partidos e lideranças importantes não se entusiasmam com convites de última hora para integrar o Governo, mantendo-se equidistantes e o Governador está numa briga fraticida com o deputado Nilson Leitão, líder de seu próprio partido.

A grande questão que se coloca é a seguinte: as “oligarquias políticas” e o Poder Econômico reinantes no Estado estarão dispostos a manter um “preposto cambaleante” e que ainda resiste em rezar pela sua cartilha? Ou decidirão substituí-lo por “um dos seus” ou por alguém mais confiável?

E as forças do campo democrático e popular, alinhadas aos projetos nacionais das candidaturas do ex-presidente Lula, que lidera e se consolida em todos os cenários e que é apontado pela citada pesquisa como o “maior transferidor de votos”, da Manuela Dávila (PCdoB), do Ciro (PDT), e que possa agregar outras legendas como o PSB, PPS , PODEMOS, PV, REDE, não irão entrar neste jogo político? Vão preferir perder por W X O, como vaticinou recentemente um grande “analista político” numa súbita recaída de “Mãe Diná”?

Por fim, uma indagação no ar: o Governador Pedro Taques conseguirá “recompor” com as forças que garantiram sua ascensão ou estas o abandonará, deixando-o pendurado na brocha?

Certamente após o carnaval e até as convenções partidárias saberemos o desfecho!

Miranda Muniz – agrônomo, oficial de justiça avaliador federal, dirigente estadual da CTB e do PCdoB;