Pastoral Carcerária: Poder público piora crise no sistema prisional

A Pastoral Carcerária emitiu nota na tarde desta sexta-feira (5) posicionando-se sobre a nova onda de assassinatos em presídios no estado de Goiás.

Complexo penitenciário de Pedrinhas - EBC

“As rebeliões ocorridas no dia 1º de 2018 mostram, novamente, que o sistema carcerário não está em crise. Ele cumpre a sua função perfeitamente: torturar e matar a população que está atrás das grades, em sua maioria pobre e negra. Violações de direitos, superlotação, condições sub-humanas, tortura e mortes fazem parte do cotidiano do sistema carcerário brasileiro”, defendeu a organização.

A rebelião na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães (antigo Cepaigo) no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia resultou na morte de nove presos, além de 14 feridos, de acordo com a Superintendência Executiva de Administração Penitenciária (Seap) do governo de Goiás. Dois agentes penitenciários da cidade de Anápolis foram assassinados no dia seguinte à rebelião. Na noite passada houve novo princípio de rebelião no complexo.

A entidade destacou que essas rebeliões e os casos de violência entre presos e de repressão pelo poder público não são novidade. No início do ano passado, uma série de massacres ocorreu em penitenciárias de Manaus, Roraima, Goiás e Rio Grande Norte, resultando em 139 detentos assassinados nos presídios nas duas primeiras semanas do ano.

“O que ocorre no início de 2018 não é mera coincidência. As medidas adotadas pelo poder público para ‘resolver a crise’ do sistema carcerário após os massacres do ano passado foram no sentido de aumentar a repressão e o encarceramento, com propostas como a construção de novas unidades prisionais”, argumentou a Pastoral. Para a organização, tais medidas não resolvem, mas, sim, aprofundam o problema. “Na atual conjuntura, não podemos cair na falácia das análises simplistas e das medidas que pretendem apenas aplainar o terreno até o próximo ciclo de massacres”, completam.