MEC quer barrar disciplina sobre golpe de 2016 na UnB

Um curso ofertado pelo Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) tirou o ministro da Educação, Mendonça Filho, do sério e promete gerar muita polêmica. O curso “O golpe de 2016 e o futuro da democracia Brasil” pretende discutir com os alunos as chances do “restabelecimento do Estado de direito” após o golpe sofrido pela presidenta Dilma Rousseff, em 2016.

Mendonça Filho e Temer - Reprodução da Internet

A retaliação governamental veio tão logo o curso ganhou destaque na mídia, na quarta-feira (21). Mendonça Filho afirmou que já nesta quinta-feira (22) deve enviar ofício a órgãos de controle para que seja analisada a legalidade do curso oferecido pela UnB. Serão acionados o Ministério Público Federal no Distrito Federal, a Advocacia Geral da União, a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União.

“Está claro que não houve base científica na criação desse curso. Contraria as boas práticas da educação. Alguém não pode ter uma ideia ou uma opinião e simplesmente oferecer dentro de uma universidade um curso”, declarou o ministro ao Poder360.

Para ele, não existe aderência do tema proposto pelo curso com a realidade brasileira. “O Brasil é um país democrático. Vivemos com respeito total a todos os direitos. O processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff se deu respeitando todos os ditames da Constituição, tendo sido tudo validado pelo Supremo Tribunal Federal. Ou seja, alguém não pode ter uma ideia de que foi um golpe e querer fazer um curso afirmando isso”, completou.

Se algum órgão de controle considerar que houve alguma ilegalidade na criação do curso, o governo pretende acionar judicialmente os responsáveis. A ideia é que seja ressarcido o dinheiro gasto com reserva de salas, luz e horas de trabalho dos envolvidos. Os responsáveis terão de ser identificados, podendo ser o professor que vai ministrar a disciplina, o chefe do departamento ou até a reitoria da UnB.

O professor de ciência política Luis Felipe Miguel, que vai ministrar o curso, afirmou em sua página do Facebook, que a disciplina não merece o destaque que ganhou e reforçou que o curso tem “valores claros, em favor da liberdade, da democracia e da justiça social”. Para ele, isso não significa que irá abrir “mão do rigor científico” ou “aderir a qualquer tipo de dogmatismo”.