Fitch Ratings rebaixa nota do Brasil e expõe fracasso de Temer

O governo Michel Michel Temer desagrada não apenas a base da pirâmide – atacada pelas reformas antipovo -, mas também o grande capital financeiro, a quem a maioria das ações da gestão se dirigem. Nesta sexta, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota do Brasil de BB para BB-. 

Michel Temer - Agência Brasil

A agência norte-americana destacou como motivos no relatório publicado hoje "os persistentes e grandes déficits fiscais, um alto e crescente fardo da dívida pública e a falta de legislação sobre reformas que melhoraram o desempenho estrutural das finanças públicas".

Um ponto observado foi a intervenção federal no Rio de Janeiro, afastando de vez da Câmara a pauta da Reforma da Previdência, ponderando que o "revés" reduz ainda mais a confiança do mercado nas finanças do país, avaliando ainda a falta de capacidade da gestão Temer em atuar no "ambiente político desafiador":

"Por exemplo, o governo não conseguiu obter apoio para impor imposto para certos fundos de investimento e aumentar as contribuições de pensões dos funcionários públicos, enquanto uma decisão judicial suspendeu o adiamento de reajustes salariais para trabalhadores do setor público federal", comenta.

Vale lembrar que os integrantes do atual governo que vê as notas do Brasil irem ladeira abaixo são os mesms que tanto valorizavam as parciais avaliações de risco na época do governo Dilma Rousseff.

Com a decisão da Fitch já são duas das três principais agências de classificação de risco a rebaixar a nota do Brasil. Em janeiro, a Standard & Poor’s reduziu a pontuação do país de BB para BB-, ainda dentro do espectro do grau especulativo e três abaixo grau de investimento seguro, abordando os mesmos argumentos hoje utilizados pela Fitch, ao colocar a situação previdenciária do Brasil como decisiva para o acerto das contas públicas.

A pressão do "mercado" pela aprovação da reforma da Previdência, cada dia mais distante, foi utilizada pelo governo para fazer terrorismo e espalhar o medo sobre a população. A gestão anunciava que, sem promover as mudanças na aposentadoria, o rebaixamento da agência nos levaria ao fim do mundo. A mídia tradicional foi na mesma linha e quase celebrou o rebaixamento pelas S&P, que lançava mais cobranças sobre o Congresso.

Na prática, a avaliação das agências de risco impactam no custo dos empréstimos do governo e empresas do Brasil que passam a ficar mais caros, protegendo os investidores de fora do risco de calote.

Divresos economistas, contudo, apontam a parcialidade dessas agências de classificação, que refletem apenas os consensos incoerentes de agentes de mercado e costumam errar feio. Vide o que aconteceu em 2008/2009, quando as agências deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.