8M da diversidade: Mulheres marcham em SP pela vida e por direitos

A avenida Paulista, em São Paulo, ficou toda feminista nesta quinta-feira, 8 de março – Dia Internacional da Mulher. “Estamos nas ruas pelos direitos das mulheres viverem sem medo”, afirma Gicélia Bitencourt, secretária da Mulher Trabalhadora da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil-SP (CTB-SP). Militantes da educação, água, esgoto e meio-ambiente, jovens trabalhadores, mulheres negras, jovens, adultas e da terceira idade deram as mãos na Paulista. 

Por Marcos Aurélio Ruy

Manifestação do 8 de março de 2018 na paulista - reprodução

Foi com muita irreverência que mulheres de todas as cores e ideologias davam o seu recado contra o machismo, que vem matando há séculos. “A nossa manifestação é para chamar a atenção da sociedade sobre a violência que ceifa vidas e machuca meninas e mulheres”, diz Eliana Raimundo, do departamento da Mulher do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema-SP).

Bitencourt entende a necessidade urgente de uma ampla mobilização da sociedade sobre os direitos das mulheres e as questões de gênero. “O Brasil é o quinto país mais violento contra as mulheres e o campeão de violência contra a população LGBT”, denuncia.    Para ela, “as pessoas precisam aprender a respeitar o outro e esse aprendizado só poderá ser efetivo se a mobilização for total com amplo debate nas escolas e em toda a sociedade”. Marianna Dias, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), concorda com ela e realça o papel central da educação na resistência ao golpe e ao machismo.

“Já passou da hora de darmos um basta em toda essa violência. O governo golpista ataca nossos direitos de todas as maneiras e as universidades vêm respondendo à altura. Mas ainda ocorrem estupros dentro dos campi universitários e nada é feito, Somos invisibilizadas”, ataca.

Por isso, complementa, “estamos na luta para mostrar que as mulheres são o futuro e as universidades devem produzir ciência, conhecimento que ajudem a sociedade a evoluir. O conhecimento é uma importante ferramenta contra o machismo”.

Mara Kitamura, do Sindicato dos Professores de Sorocaba, também acredita na importância da educação para combater essa chaga. “É necessário educar as crianças com base no respeito ao diferente, à divergência, à vida, ensinando a solidariedade e a generosidade”. Principalmente, para mostrar “que ninguém é melhor do que ninguém”.

Enquanto a marcha prosseguia, Luiza Bezerra, secretária da Juventude Trabalhadora da CTB, afirma que as meninas estão sofrendo com o desemprego e com a falta de perspectivas. “As meninas têm sobre seus ombros as responsabilidades domésticas já muito cedo e sofrem do preconceito e da estigmatização no mercado de trabalho, além do assédio sexual constante em suas vidas, seja na rua, na escola ou até mesmo em casa”, diz.     

Bitencourt define a questão afirmando que “estamos nas ruas pela vida das mulheres, pela democracia e pela soberania nacional. A nossa luta é por igualdade, justiça, liberdade e por uma vida digna para todas e todos”.