História de Marielle sai na primeira página do Washington Post 

"Vereadora negra foi assassinada a tiros no Rio. Agora ela é um símbolo global" esse é o título do artigo que ocupou a primeira página no site do jornal norte-americano The Washington Post, na segunda-feira (19) 

Por Alessandra Monterastelli *

Marielle na capa do Washington Post - The Washington Post

"Se a intenção foi silenciar uma política negra que se elevou rapidamente e que denúnciou policiais corruptos, o assassinato de Franco fez o contrário. Nos dias seguintes, a maior nação da América Latina observou com admiração como uma figura, pouco conhecida fora do Rio, foi transformada em um símbolo global de opressão racial" escreveu o jornal sobre a execução da vereadora e de seu motorista no Rio da Janeiro. 

O artigo narra ainda a importância e o peso da voz de Marielle, que foi eleita em 2017 como a única mulher negra do município do Rio, e que "foi atrás dos responsáveis" pela "brutalidade policial e execuções extrajudiciais que estão devastando as favelas" em uma "metrópole problemática", enquanto "reestruturava o debate de uma nova maneira desconfortável".

O jornal lembra que Marielle foi foi homenageada no Parlamento Europeu. Multidões protestaram contra o assassinato e celebraram sua vida nas ruas de Nova York, Londres, Paris, Munique, Estocolmo e Lisboa. Uma vigília será realizada para ela em Madri nessa terça-feira (20).

Em uma sociedade que há muito tempo se considera pós-racial, Franco argumentou que a matança não era apenas uma guerra contra os pobres. Era também uma guerra contra os negros", acrescenta o Post, que após detalhar seus feitos como defensora dos Direitos Humanos e das mulheres em uma cidade violenta e machista como o Rio, lembrou o significado de ela, como mulher negra, atingir o posto que atingiu em seu país. 

"Como uma lésbica, negra e de esquerda, Franco representou uma interseção de movimentos que se combinam como resultado de sua matança. Dezenas de milhares de brasileiros de todas as cores tomaram as ruas no rescaldo de sua morte", conclui o jornal.

O artigo explicou ainda para os seus leitores que o crime não está sendo visto como uma questão de raça em alguns circulos, mas especificamente os da elite branca brasileira. Mas que os ativistas negros e negras lembram que o assassinato "reflete um sistema de crenças que finge que a raça não está relacionada com a violência desproporcional- protagonizada especialmente pela lei- sofrida pelos brasileiros negros.