CTB-PA: Defender trabalhadores e reparar danos às comunidades 

“Quando você tem um governo frágil que não defende os interesses nacionais e a soberania do seu país, os interesses econômicos e sociais e nem os direitos dos trabalhadores isso facilita que multinacionais tenham uma intervenção com menos preocupação com os aspectos sociais, econômicos e ambientais com o país em que estão instaladas”, declarou Cléber Rezende, presidente da CTB-Pará. O dirigente se refere aos prejuízos causados no Pará pela empresa norueguesa Hydro Alunorte.

Por Railídia Carvalho

manifestação de trabalhadores da hydroalunnorte em defesa dos empregos - reprodução

Na segunda-feira (19) a Hydro admitiu que despeja resíduos não tratados da refinaria de bauxita no rio Pará. Instalada na cidade de Barcarena, no nordeste paraense, a empresa desmentiu comunicado oficial em que argumentava que as chuvas teriam relação com a contaminação dos rios na cidade. A empresa teve 50% da produção embargada pela Justiça paraense.

Para a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Pará (CTB-PA) é importante apurar a responsabilidade e punir os responsáveis porém é importante medir as consequências deste embargo para os trabalhadores.

“É preciso contemplar o debate da questão dos direitos dos trabalhadores e das comunidades atingidas, não tem como dissociar. A saída que a CTB vê é uma nova repactuação entre empresa, trabalhadores, comunidades quilombolas e ribeirinhos, Governo do Estado, Ministério púbico do Estado (MPPA) e Ministério Público Federal (MPF). O objetivo é garantir os empregos e a reparação dos danos ambientais e econômicos que atingiram a sociedade. Senão não consegue chegar a um denominador que atenda o conjunto dos atingidos”, completou Cléber.

Para pedir o fim do embargo houve manifestação nas ruas de Barcarena na segunda-feira (19). “Estamos contra o embargo de 50% da produção da Hydro porque isso causa um impacto muito grande nas famílias de trabalhadoras e trabalhadores daqui”, diz Gilvandro Santa Brígida, presidente do Sindicato dos Químicos de Barcarena (SindQuímicos).

Em conjunto com a Associação Empresarial da cidade, o SindQuímicos assinou nota em que reivindica uma saída “que equacione o direito humano ao meio ambiente equilibrado, o direito ao modo de vida das comunidades tradicionais, ao mesmo tempo que resguarde o direito ao trabalho”. Segundo Brígida, a Hydro determinou férias coletivas para mil trabalhadoras e trabalhadores e que o comércio local começa a sentir os efeitos. O sindicato entrou com ação cautelar para garantir os empregos na hydro.

Na opinião de Cléber, a CTB-PA está diante de um desafio de criar as condições para que os trabalhadores sejam ouvidos assim como as comunidades atingidas pelos danos provocados pela empresa norueguesa. “É preciso provocar esse evento, essa audiência que possa reunir os atores sociais para tratar dessa questão”, finalizou.

Nesta quinta-feira (22), o MPPA e o MPF promovem uma audiência pública em Barcarena para compartilhar com a população as medidas tomadas pelos dois órgãos. Uma comissão externa da Câmara Federal também apura os danos ambientais provocados pela empresa norueguesa.