Livro propõe debate sobre Palestina livre e autodeterminação dos povos

Há 70 anos os palestinos lutam pela soberania de seu território ocupado por Israel. Trata-se de um povo que resiste não só no campo político, mas também para manter sua cultura, seus costumes e seus hábitos em meio à uma guerra inglória, onde os ataques são diários e unilaterais. O livro “Palestina, um olhar além da ocupação”, de Nilton Bobato e Paulo Porto, joga luz neste debate e mostra uma Palestina que vai muito além deste cenário inóspito de um território ocupado.

Por Mariana Serafini

Gaza - Divulgação

O livro será lançado nesta terça-feira (3), às 19 horas, na capital paulista, na Mesquita Brasil (Rua Barão de Jaguara, 632, Cambuci). Os autores esperam receber não só a comunidade árabe de São Paulo, mas também o público interessado em debater a autodeterminação dos povos no mundo num momento em que o os discursos xenófobos de extrema-direita se expandem pelo globo.

“Palestina, um olhar além da ocupação” é o registro de uma viagem que Nilton Bobato, atual vice-prefeito de Foz do Iguaçu e Paulo Porto, vereador em Cascavel – duas cidades do interior do Paraná – fizeram à Palestina em companhia de Jihad Abu Ali, presidente da Sociedade Árabe Palestina de Foz do Iguaçu e diretor de Assuntos Internacionais do município. O livro é o relato do que os três viram e viveram neste período que passaram no território ocupado.

Bobato conta que, logo na chegada, eles tiveram problemas com a fiscalização israelense, mesmo em uma missão oficial. Jihad, filho de palestinos, ficou detido na alfândega assim que chegaram e os outros dois tiveram que seguir a viagem sozinhos, sem o intérprete. Eles não imaginavam quantos obstáculos ainda enfrentariam até encontrar o prefeito de Jericó que, mesmo em sua cidade, não tem permissão de circular livremente pelo território.

“Paulo Porto, que tem o biotipo bem europeu, passou sem qualquer dificuldade; eu, cujas características físicas são mais próximas à de um árabe, fiquei detido por algum tempo até me liberarem, mas Jihad, com nome e fisionomia tipicamente árabes, ficou quase 12 horas incomunicável nas mãos das autoridades israelenses”, conta Bobato.

O livro mostra, em certa medida, como é o cotidiano do povo palestino que precisa conviver com barreiras, invasões e ataques diários em suas cidades. Mas o que eles viram, ao chegar lá, foram pessoas que, apesar desta luta incessante, são felizes e tentam manter uma rotina saudável, mesmo em meio à guerra.

Para Bobato, é fundamental falar sobre a autodeterminação dos povos neste momento em que o discurso xenofóbico ganha voz no mundo. “É importante que lembremos que existe um povo que luta por seu direito à terra, luta por seu direito à cultura. Um povo que continua sendo exilado pelo mundo afora, continua sem ter o que é mais sagrado: o direito de ir e vir em seu próprio território. Nós precisamos continuar contando pro mundo que existe um país que domina outro país em
pleno século 21”, afirma.

Os autores esperam, com o lançamento em São Paulo, ampliar o debate sobre o direito do povo palestino ao seu território e intensificar as discussões e a solidariedade à luta pela autodeterminação dos povos. O evento é aberto ao público.