Estadão e Folha: Suspender PL de Doria é inviabilizar São Paulo

A retirada da reforma da Previdência paulistana da pauta da Câmara Municipal de São Paulo é criticada em editoriais da Folha de S.Paulo e do Estadão desta segunda-feira (2). Os jornais destacam o “rombo” e usam a mesma tática terrorista do governo de Michel Temer na tentativa de aprovar a reforma nacional. A Folha ressalta que a cidade não percebeu o “tamanho do problema” e o Estadão fala de “consequências muito graves para a cidade”.

Por Railídia Carvalho

Trabalhadores do serviço público de São Paulo protestam na Câmara contra projeto de Doria - Mídia Ninja

“Há muita gente com interesse nesta reforma. Eles estão inconformados com a derrota do Doria. Não tenho dúvidas que agora eles vão bater, expor lideranças, vir para cima dos sindicatos e pressionar para a retomada do projeto”, afirmou Claudete Alves, presidenta do Sindicato dos Educadores da Infância (Sedin).

Sob o título “Quem paga esse rombo”, o editorial do Estadão criminaliza as manifestações dos trabalhadores do serviço público. O jornal afirma que em “violentas manifestações” os servidores quebraram vidraças e agrediram com pedras a Guarda Civil Militar (GCM). No dia 14 de março, a professora Luciana Xavier (foto), que participava de protesto na Câmara, teve o nariz quebrado pela ação da GCM.

Claudete lembrou que vários trabalhadores, entre eles professores, foram agredidos também pela Polícia Militar neste dia. Mas, segundo a dirigente, a mídia silencia sobre a truculência usada contra os professores. “Também silenciam quando se trata da dívida de grandes empresas com a Prefeitura”, completou.

A dirigente lembrou que o apoio da mídia a Doria, da mesma maneira como se deu a Michel Temer no caso da reforma nacional, tem por trás interesses econômicos. “Basta analisar quem banca essa imprensa para justificar o apoio à reforma da Previdência em São Paulo. Quem banca são os grandes grupos econômicos através da sua propaganda. São bancos, grandes empresas que são devedoras tanto da Previdência nacional quanto dos impostos aqui em São Paulo.”

A dirigente denunciou que os editoriais dos respectivos jornais fazem parte das retaliações que começaram no dia seguinte à suspensão do PL por 120 dias. “Logo no dia seguinte aconteceram várias exonerações de indicados pela base aliada, que não conseguiu avançar com o projeto. Também no dia seguinte um empresário divulgou um site em que aparecem nomes de trabalhadores do serviço público de São Paulo com endereços e salários. Para expor os trabalhadores que derrotaram Doria. A secretaria de gestão disse que qualquer cidadão pode ter acesso no Portal da Transparência mas ficou evidente que o site foi preparado há muito tempo”, enfatizou Claudete.