A instabilidade política no Brasil

Por isso, mais do que nunca, se faz necessário uma ampla união nacional em defesa da democracia, da soberania e dos direitos do povo!

Por Aluísio Arruda*

Michel Temer posse - Agência Brasil
 Quando Getúlio Vargas, em seu segundo mandato, atende as reivindicações dos trabalhadores e cria a CLT, foi perseguido implacavelmente até cometer suicídio. Quem foram seus inimigos? A elite urbana e rural, boa parte da classe média, as forças armadas que outrora o apoiava e a grande imprensa, liderada pelo seu principal inimigo: Carlos Lacerda da UDN.

Após a renúncia do presidente Jânio Quadros assume o vice, João Goulart, e implementa uma política para atender interesses dos trabalhadores: prioriza as áreas de educação, saúde e a defesa dos interesses nacionais. Novamente a elite se rebela. Com apoio da classe média e da mídia promove uma passeata no Rio de Janeiro “Contra o comunismo, por Deus e pela liberdade”. Articulado com os EUA, o Exército dá o Golpe em 1º de abril de 1964. Prende, tortura, mata opositores, fecha o Congresso e infelicita o Brasil por 21 anos.

Depois de 45 anos tendo à frente o Partido dos Trabalhadores, sob a liderança de Lula, os setores populares voltam ao poder. Em dois mandatos consegue desenvolver o Brasil atingindo o PIB de 7% ao ano. Empresários, profissionais liberais, pequenos e médios comerciantes, trabalhadores em geral, todos melhoram seus ganhos e a qualidade de vida. Cerca de 40 milhões saem da linha de pobreza.

Assume Dilma Roussef. Acha que é hora de distribuir melhor as riquezas. Potencializa o Bolsa Família, o Fies, outros programas de apoio aos estudantes inclusive bolsas de formação no exterior, maiores oportunidades para pobres e negros, cria o programa Minha Casa Minha Vida, e outros programas sociais. Consegue cumprir o primeiro mandato. Durante as eleições para o segundo mandato mais uma vez a elite se rebela. Liderada por Aécio Neves, o candidato adversário, com apoio da Globo, Veja e outros setores midiáticos, atacam Dilma, o PT, e os setores populares. Mesmo assim perdem as eleições.

Ao invés de aceitar o resultado das urnas, um dos maiores pilares da democracia, intensificam o combate. Aliados à setores empresariais urbanos (Fiesp) e ruralistas, dos partidos de Centro e de Direita, com ampla maioria no Congresso, em conluio com o Judiciário, e total apoio da mídia que arregimenta vastas camadas da população, principalmente a classe média, aprovam um impeachment fraudulento e colocam Michel Temer no poder.

A toque de caixa Temer implementa uma nova política de “reformas”, em verdade de destruição dos avanços sociais obtidos até então, inclusive a “Trabalhista” que destroi quase por completo a CLT criada por Vargas, aprova o “congelamento” de Gastos por 20 anos (para garantir o pagamento os juros da dívida aos agiotas e rentistas), propõe a Reforma da Previdência que se aprovada instituiria a possibilidade de aposentadoria na Beira da Cova. E o pior de tudo, um programa de Privatização, que entrega das riquezas do Brasil a preços de bananas. Metade do Pré-Sal já está em mãos de petrolíferas estrangeiras.

Tudo em nome do “combate à corrupção”. Porém hoje, cada dia está mais claro que os maiores corruptos estão nos partidos de Centro e de Direita. O MDB liderado por Temer, Cunha, Gedel e outros, mais se assemelham a uma quadrilha que assaltou o Planalto. Aécio Neves, Serra, Aloisio Nunes, Alkmin e outros do PSDB, DEM, PP, PR, PTB, não perdem nessa Copa da Corrupção.

Agora, os mesmos autores dos golpes do passado implementaram um novo Impeachment antecipado. A toque de caixa, em processo baseado em delações duvidosas e mesmo sem provas cabais, condenam e aprisionam, em tempo record, o maior líder dos setores populares, Lula, ex-presidente da República.

A elite jamais aceitou ficar fora do poder, daí a condenação e prisão de Lula para evitar que os setores populares retornem ao governo.

Essa trama, inclusive burlando a Constituição Federal causou revolta nos setores populares com repercussão negativa ao Brasil, e agrava os conflitos sociais.

Os embates já ocorrem em todo o país, e serão mais potencializados por um ingrediente grave: quando se ataca a democracia e as conquistas populares, ressurgem as forças do conservadorismo, da força bruta, como monstros libertados das trevas obscuras do fascismo.
Nesse ambiente os investidores e empresários não sentem segurança nem disposição para investir. Assim a tendência é a crise permanecer e até aumentar.

O saldo de todo esse processo é uma candidatura de extrema direita, que agora, surfa na crista da onda, tendo como principais propostas: armar a população, combater à violência com mais violência (na base da metralhadora) como promete seu líder máximo, ataque às pautas feministas e das minorias, a xenofobia, o acirramento do ódio entre irmãos brasileiros.

Aos equivocados nunca é demais um aviso: se está ruim, cuidado, pode ficar pior. Por isso, mais do que nunca, se faz necessário uma ampla união nacional em defesa da democracia, da soberania e dos direitos do povo!