A revolução não termina com seus guerrilheiros, diz presidente de Cuba

O novo presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, tomou posse na manhã desta quinta-feira (19), data histórica porque celebra o 57º aniversário da revolução contra os Estados Unidos, quando o país vizinho tentou invadir a pequena ilha e foi derrotado na Baía dos Porcos. Em seu primeiro discurso, o chefe de Estado destacou a continuidade da revolução.

Miguel Díaz-Canel - Irene Pérez/ Cubadebate

“Cumpro com honra e emoção esta responsabilidade e dedico meu primeiro pensamento à geração histórica que, com sua consagração e humildade, nos acompanha agora nestes próximos desafios”, anunciou o presidente em seu primeiro discurso oficial.

O novo presidente destacou a presença de Raúl Castro e outros líderes históricos no Parlamento cubano e afirmou que isso não se deve apenas a uma homenagem, mas sim, por merecimento diante da dedicação destes dirigentes à pátria. “Eles enobrecem esta sala e nos dão a oportunidade de abraça-los em vida.”

Sobre o processo eleitoral realizado em março deste ano, destacou que “se trata de uma eleição que emergiu do povo” e será a principal baliza de sua gestão.

Quanto ao Parlamento, maior órgão de poder em Cuba, expressou que “se alguém quiser ver Cuba como um conjunto de cidadãos, basta que estude a representação da Assembleia Popular”, tamanha a representatividade da casa de leis que conta com parlamentares dos 168 municípios da ilha.

O dirigente cubano falou sobre “proporcionar um debate sincero” ao povo cubano e garantiu que todos os parlamentares devem prezar pela “comunicação com o povo”.

“O mandato é dado pelo povo e esta legislatura é a continuidade da revolução”, garantiu.
Em meio a muitos aplausos, o novo presidente se comprometeu em dar continuidade ao processo revolucionário pela via institucional. “Assumo a responsabilidade para a qual fui eleito, com a convicção de que todos os cubanos seremos fiéis ao legado do comandante em chefe Fidel Castro, líder histórico da revolução cubana, e o exemplo do general de Exército Raúl Castro, líder atual do processo revolucionário”.

“Ao falar neles, vejo o semblante de Martí, Céspedes. Fidel e Raúl nos mostraram o significado da palavra ‘irmão’. Nos ensinaram uma irmandade que nos converteu em companheiros.”

O novo presidente ratificou que a unidade dos cubanos é a mais valiosa força da revolução e o motor que tem garantido a extraordinária atuação do Partido Comunista de Cuba. “Para nós, está totalmente claro que só o Partido Comunista de Cuba garante a unidade da nação e seu povo.”

“Raúl se mantém por méritos próprios à frente da vanguarda política”, destacou Díaz-Canel. Falou também sobre as virtudes do líder histórico e de sua impressionante ligação com o povo cubano. “Raúl, como carinhosamente é chamado pelo nosso povo, é o melhor discípulo de Fidel. Assumiu a direção da revolução diante de uma difícil situação econômica e soube colocar o dever acima de sua dor pessoal.”

Destacou que “com paciência e inteligência”, tomando “firmes decisões”, Raúl conquistou a liberdade dos Cinco Heróis cubanos presos nos Estados Unidos e assim “cumpriu a promessa de Fidel de que eles voltariam”.

Agregou ainda que Raúl defendeu a unidade diante da diversidade da Celac (Cúpula de Estados Latino-americanos e Caribenhos), e deu seguimento ao processo de paz na Colômbia. “Todavia nos estremece sua voz na Cúpula das Américas. Este é o Raúl que queremos, amamos e admiramos. O Raúl dirigente político com ouvidos voltados ao povo que nos demonstrou que nos momentos mais difíceis ‘sim, é possível’.”

Por fim, Díaz-Canel se comprometeu em dar continuidade à revolução e assegurou que esta não termina com seus guerrilheiros. “A revolução cubana segue de verde oliva para vencer todos os combates”. Pediu que “num dia como hoje, cheio de significados”, o povo pense em Fidel e em seu legado como forma de perpetuar seu exemplo. “Juremos defender esta revolução socialista ‘dos humildes, pelos humildes e para os humildes” que a geração histórica construiu.

“Conheço as preocupações e expectativas que um momento como este provocam, mas conheço também a fortaleza de nosso povo. Contamos com as experiências de Raúl, as ideias de Fidel e o apoio do companheiro José Ramón Machado Ventura como segundo-secretário da organização política dos comunistas cubanos, e um exército fundado por eles. Afirmo a esta Assembleia que o general do Exército encabeçará as decisões de maior transcendência para o presente e o futuro da nação.”