Kim oficializa trégua, agora é a vez dos EUA

Kim Jong-un decretou o fim dos lançamentos e o desmantelamento das instalações em Pyunggye-ri, demonstrando abertura para negociações; o gesto significa uma espera de reciprocidade por parte dos Estados Unidos

Kim jong-un

A notícia do fim dos testes nucleares por hora surgiu depois da sessão plenária do comitê central do Partido dos Trabalhadores, que governa a Coreia Popular; isso uma semana antes do encontro entre Kim e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

A suspensão dos testes de armamento nuclear deve ser encarada como uma decisão estratégica: colocar os seus interlocutores na posição de terem de demonstrar alguma boa vontade para responderem à decisão de Pyongyang, como por exemplo o fim das sanções econômicas atualmente impostas pelo Conselho de Segurança da ONU.

Segundo Kim, a Coreia Popular já alcançou o desenvolvimento nuclear que lhe garante uma segurança suficiente para abdicar de fazer mais testes. O anúncio do fim dos testes nucleares e a promessa de destruição das instalações onde estes ocorriam servem para garantir uma entrada positiva de Kim nos próximos dois encontros diplomáticos: o encontro com Moon na semana que vem e com Trump em maio.

A Coreia do Sul, por sua vez, desligou altofalantes responsáveis por por disseminar propagandas anti-Coreia Popular, que ficam na fronteira entre as duas Coreias. As mensagens transmitidas em alto volume podiam ser ouvidas pelos soldados e civis na zona fronteiriça e tinha como objetivo persuadir os norte-coreanos a duvidar dos informes de seu governo. O gesto de desligamento desses aparelhos por parte de Seul foi uma forma de transmitir uma mensagem de abertura e disponibilidade para o diálogo e entendimento entre os dois países na próxima sexta-feira (27). 

Entrada (ou não) de Mike Pompeo 

Mike Pompeo, atual diretor da CIA e grande entusiasta das propostas de campanha de Donald Trump (como o "America First"- América Primeiro), foi indicado pelo presidente para ser secretário de Estado (ministro das Relações Exteriores). Na semana passada, Trump anunciou que Pompeo tinha ido à Coreia Popular para diálogar com Kim Jong-un. 

Esse anúncio foi estratégico para Trump: foi um aviso à Casa Branca de que se Pompeo não receber o imprescindível apoio do Senado para subir ao cargo de ministro, as negociações com a Coreia Popular podem sofrer um abalo significativo. A decisão do Senado deverá ser confirmada até o final dessa semana.