Aldo critica ONGs que boicotam o desenvolvimento brasileiro

O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), ressaltou hoje (10) a importância do Estado brasileiro manter uma vigilância maior sobre as organizações não governamentais (ONGs) estrangeiras que atuam no país. Segundo o deputado, algumas

Ao falar sobre Defesa Nacional para militares, em encontro de estudos estratégicos, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) disse que a ''agenda única'' do comunismo versus o mundo livre foi substituída por questões mais amplas, como a do meio ambiente, que estaria sendo usada por organizações não-governamentais (ONGs) para prejudicar projetos de interesse nacional.


 


Aldo, que no domingo se tornará o primeiro comunista a assumir interinamente a Presidência da República, na condição de presidente da Câmara, disse que as nações são colocadas no banco dos réus por não cuidarem desses aspectos e levantou suspeitas sobre interesses de ONGs.


 


''Existem ONGs sérias, baseadas em princípios humanísticos, mas também, por trás de muitas ONGs, existe interesse ideológico, político, econômico e comercial de agentes que nem sempre apresentam abertamente seus objetivos'', criticou durante sua palestra no 6o Encontro Nacional de Estudos Estratégicos, na Escola de Guerra Naval, no Rio de Janeiro.


 


Aldo acusou esses interesses de impedirem o desenvolvimento brasileiro e o crescimento econômico que o país precisa. ''Agora mesmo, um juiz suspendeu uma audiência pública que discutiria hidrelétricas no Rio Madeira. O Estado não consegue tocar a sua infra-estrutura'', queixou-se.


 


Contencioso ambiental


 


O discurso de Aldo Rebelo mostrou-se em sintonia com a atual preocupação do governo federal de desobstruir o gargalo das obras de infra-estrutura. Falando em termos geopolíticos, Aldo classificou o contencioso ambiental como forma de bloquear o crescimento de países emergentes, como o Brasil, e, por isso, parte da agenda externa.


 


''Quando discutimos a hidrovia Tietê-Paraná, surgiram 200 ONGs para questionar. Não importa que o Mississipi, o Volga e o Danúbio sejam hidrovias. Aqui não pode. Por que?''


 


Para Aldo Rebelo, o meio-ambiente é usado como instrumento ''de guerra comercial, de contenção do desenvolvimento'' brasileiro. ''O (George) Soros tem uma ONG que patrocina mudanças na legislação de todos os países'', exemplificou Aldo, ressaltando que a opinião pública brasileira não percebeu isso e a situação se instalou no país, acarretando muitos problemas.


 


''O Estado nacional deve tomar consciência disso, estabelecer uma vigilância maior sobre a atividade dessas organizações e separar o joio do trigo'', defendeu.


 


O presidente da Câmara classificou de ''reacionária'' a doutrina que torna incompatível o ser humano e a natureza, e defendeu que o Congresso legisle sobre o tema. Aldo mencionou um projeto de lei ainda não apresentado que determina que obra de interesse nacional só seja apreciada pela Procuradoria Geral da República e decidida pelo Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal.


 


''Estas coisas têm que ser feitas dentro da lei e na defesa do desenvolvimento e da soberania do país'', concluiu.


 


Greenpeace


 


A organização não-governamental Greenpeace considera que existe uma interpretação ''equivocada e simplista'' da geopolítica e que a grande agenda global das ONGs é por um modelo de desenvolvimento sustentável.


 


''Se existem organizações defendendo este interesse é porque existe representação na sociedade'', afirmou Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace.


 


Segundo Furtado, o momento atual é de participação maior da sociedade nos processos de decisão e a opção por um determinado modelo de desenvolvimento.


 


''Essa visão de que existem interesses internacionais por trás das organizações tem sido muito manipulada'', afirmou Furtado. ''A gente ouve absurdos como o de que ONGs que lutam contra transgênicos representam a indústria do agrotóxico''.


 


O diretor do Greenpeace reconhece que existem ONGs organizadas por grupos de interesses, como a indústria, e concorda com Aldo Rebelo de que é preciso separar o joio do trigo.


 


''O importante é que as organizações tenham total transparência para que os cidadãos saibam que interesses elas representam e quem as financia'', defendeu.


 


O Greenpeace acha que a agenda do governo brasileiro é ''extremamente desenvolvimentista'' e que a dimensão ambiental é pequena ou inexistente.


 


''Para o governo, o desenvolvimento vem acima de tudo. Se precisar atropelar o meio-ambiente, atropela'', disse Furtado.


 


Fonte: Reuters