Deputado defende Pedagogia da Alternância para educação no campo

O pedido de empenho dos governantes e parlamentares para que as escolas família agrícola sejam mantidas e ampliadas no país, neste cenário de congelamento de investimentos sociais por 20 anos, deu o tom da sessão solene em homenagem aos 50 anos do Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (Mepes), realizada na Câmara dos Deputados.

Por Rhayan Esteves

givaldo - Richard Silva/PCdoB na Câmara

De acordo com o superintendente geral da entidade capixaba, Idalgizo José Monequi, atualmente existem aproximadamente 300 escolas do segmento no território brasileiro e em alguns estados professores ficam até seis meses sem receber salário.

Proponente da atividade, o deputado federal Givaldo Vieira (PCdoB-ES) destacou que a Pedagogia da Alternância, um pioneirismo do Mepes no Espírito Santo e no Brasil, é um caminho viável, e, por isso, tem de ser valorizada.

“O Movimento ousou construir a sua própria pedagogia, considerando a dinâmica própria do aluno que é da família do campo. Mas, infelizmente esse caminho não é tolerado por todos os governos. No nosso estado, o governo atual desmontou a estrutura da Educação no Campo na Secretaria correlata e já fechou mais de 40 escolas no interior, obrigando alunos a encarar longas distâncias para estudar na cidade, com método distante de sua realidade de vida”, afirmou Givaldo.

O deputado capixaba salientou também que “este é o momento de condenar atitudes como a do governo do Espírito Santo e pedir o apoio para que o Mepes tenha força e energia para superar momentos difíceis nesse era pós-golpe”.

Legislação para estados

Para o superintendente geral do Mepes, há uma luta nacional pela manutenção das escolas família agrícola e, segundo ele, “é preciso que seja pensado um projeto em nível de Brasil, pensando com carinho nos diferentes estados, para garantir o repasse de recursos para as escolas. No Espírito Santo, existe lei neste sentido. Hoje, são vários estados com dificuldade de orçamento para manter as escolas”, pontuou Monequi.

A diretora administrativa do Hospital Maternidade do Mepes, localizado em Anchieta-ES, Paloma Alves Alcon Portes, fez um importante alerta sobre a situação da unidade hospitalar. “Vivemos na corda bamba, tendo de fazer um verdadeiro milagre com os recursos advindos do Sistema Único de Saúde (SUS). Temos estrutura, parque tecnológico, entretanto somos subaproveitados e muitas vezes esquecidos pelos governantes”, frisou Paloma.

Apoiadora das escolas família agrícola em Minas Gerais, a deputada Jô Moraes (PCdoB) ressaltou que a criação do Mepes, em 1968, foi um dos feitos mais importantes para a construção do povo brasileiro. Ela lembrou também que o movimento surgiu com aspecto libertário e num momento de resistência à ditadura militar, para construir uma perspectiva transformadora para quem vivia em dificuldade. “Esse projeto demonstra a capacidade transformadora da nossa gente”, declarou.

Participaram, ainda, a presidente da Junta Diretora do Mepes Amélia Siller; a coordenadora geral da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, vinculada ao Ministério da Educação (MEC), Divina Lucia Bastos; os deputados Diego Andrade (PSD-MG), Helder Salomão (PT-MG) e a deputada Benedita da Silva (PT-RJ).

O Movimento

O Mepes, que completará, no dia 26 de abril de 2018, 50 anos de atuação, administra 19 escolas capixabas, totalizando 2.160 estudantes. Alternando uma semana na escola, em tempo integral, com uma semana em casa, acompanhando as atividades familiares no campo, os alunos mantêm o vínculo com suas comunidades, buscando nelas as principais referências para o tempo na escola e, também, levando para casa os aprendizados vivenciados na escola.