Escola sem partido: retrocesso indefensável

Por Olga Aguiar*

Olga Aguiar

Nos alicerces da construção da famigerada “ponte para o futuro”, está em curso um dos maiores retrocessos já vistos na história da educação: a escola sem partido. Sob o falso argumento de que o ambiente escolar não é lugar de fomentações ideológicas, os defensores dessa formulação tentam mascarar o fato de que tudo é ideologia.

A questão é, a partir de qual ideologia eles (os formuladores do retrocesso) estão falando. Claro que de uma ideologia dominante, excludente, onde não haja espaço para o debate, o questionamento e, por conseguinte, impeça a possibilidade de transformação da ordem vigente que “naturaliza” a divisão de classes, utiliza o poder coercitivo do estado para conter os ímpetos de subvertê-la e, com isso, perpetuar a dominação e a exploração de uma classe sobre outra, privilegiando poucos em detrimento da maioria.

A escola sem partido pretende, a bem da verdade, tão somente manter e reproduzir uma visão de mundo retrógrada, tentado imprimir um caráter de neutralidade a um dos maiores instrumentos capazes de transformar para melhor uma sociedade: a educação.

A escola precisa ensinar português e matemática, sim, mas é imprescindível ensinar o ser humano a pensar enquanto ser político; a questionar o seu lugar na sociedade, as raízes da opressão, da exploração, da violência, do machismo, do racismo, da homofobia. Todas construções sociais que têm em seus lastros a ideologia dominante e excludente.

Escola sem partido é voltar no tempo e relegar ao esquecimento uma verdade indelével: “a educação que não liberta, torna o oprimido um opressor”, disse o grande pensador e nunca tão atual, Paulo Freire.

*Olga Aguiar é Coordenadora Regional da União Brasileira de Mulheres-UBM/RN e pré-candidata a vereadora em Natal pelo PCdoB.