Sistema de ônibus piorou na gestão Serra, diz pesquisa

No primeiro ano do bilhete único sob a administração do prefeito José Serra (PSDB), o desempenho do transporte coletivo na Capital piorou em diversos aspectos. É o que mostram os índices de avaliação do sistema feitos pela São Paulo Transporte (SPTrans).

Apesar desse quadro, no ano passado, as empresas seguraram veículos nas garagens em proporção inédita na última década. Para piorar a situação, a idade média dos veículos que circulam nas ruas já está na faixa dos 6,2 anos. Na gestão Marta Suplicy (PT), a idade média tinha caído de 7,6 anos, em 2001, para 5,8 anos, em 2004.

Se não houver mudanças na forma de remuneração dos empresários do sistema, no fim deste ano eles terão recebido cerca de R$ 2,2 bilhões. Mensalmente, as empresas ganham, em média, R$ 156 milhões pelo movimento de passageiros nas catracas. Outros R$ 25 milhões são pagos em subsídios para viagens feitas por quem usa o bilhete único, idosos, estudantes – que não pagam passagens ou pagam menos. As receitas e os subsídios cresceram depois do bilhete único.

Mais passageiros, menos ônibus

O aumento da receita nas catracas ocorreu por causa da explosão no número de passageiros transportados na Capital. A média mensal de 2,5 bilhões de passageiros registrada no ano passado foi a maior já verificada na cidade. Só em 1989 e 1990 o sistema tinha superado a casa dos 2 bilhões de passageiros.

Apesar desse crescimento, a frota diminuiu nas ruas entre 2004 e 2005, passando de 7.983 para 7.496 veículos. Não bastasse isso, as viações puseram para rodar somente 89,2% da frota, subutilização que não era verificada desde 1995.

O resultado das mudanças foram ônibus lotados. No ano passado, a média mensal de passageiros por veículo por dia (PVD) foi de 693. É o maior número desde 1992, quando foi registrada média de 841 passageiros por veículo.

A deterioração do transporte coletivo na Capital foi sentida pelos passageiros, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP). Em 2005, 52% dos passageiros disseram que o serviço era excelente ou bom. Em 2004, esse índice tinha sido de 61%.

Apesar da variação nas receitas e nos subsídios, os consórcios reclamam de trabalhar no vermelho e estão pressionando a Prefeitura a rever itens no contrato de concessão de ônibus. Eles alegam que sofrem concorrência desleal dos microônibus e acumulam prejuízos mensais de R$ 46 milhões.

A SPTrans apresentou uma lista de pendências, com itens do contrato que os empresários não estão cumprindo – como atraso da renovação da frota, atualização das certidões negativas de débito com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e Fazenda Municipal, e frota adaptada para portadores de necessidades especiais.

Atacar a desorganização das 1.300 linhas da cidade – apontada pelo secretário dos Transportes, Frederico Bussinger, como um dos nós do sistema – é uma das medidas prometidas pela Prefeitura para mudar esse quadro. Mas os empresários continuam cobrando compensações financeiras.