Carta Maior: Teia de Pontos de Cultura descobre os brasis

Por Carlos Gustavo Yoda

Até o fim de 2006, o Ministério da Cultura espera ter formado 600 Pontos de Cultura espalhados por todo o Brasil. Encontro em São Paulo mostra, por meio de centenas de apresentaç&ot

Começou nesta quinta-feira a 'Teia' – A Rede de Cultura do Brasil, mostra da diversidade cultural brasileira que tem o objetivo de mostrar a diversidade cultural brasileira pelas ações que unem cultura e cidadania nas comunidades de periferia dos grandes centros e em pequenas cidades do interior do país.

Centenas de apresentações, exposições, documentários e oficinas serão realizadas por comunidades de todo o Brasil. São grupos de contadores de histórias, hip-hop, samba, coco de umbigada e maracatu, cirandeiros, repentistas, indígenas e remanescentes quilombolas, entre outros, que vão trocar experiências e potencializar suas ações a partir da 'Teia'.

Até o fim do ano, o MinC espera ter formado 600 Pontos de Cultura espalhados por todo o Brasil. Cada Ponto de Cultura recebe do ministério apoio financeiro de até R$ 150 mil e kit de produção multimídia com computadores, internet banda larga, ilha de edição e estúdio de gravação para o registro dos seus trabalhos.

"No princípio era o ponto. Um dia o ponto, inspirado pelas obras e graças da inspiração solidária, juntou-se a mais um ponto. E a outro. Mais outro. E de ponto em ponto nasceu a linha. Da linha surgiu um desenho para traduzir a idéia. Da idéia brotou a força motriz que gerou palavras, sons, formas, imagens e gestos. E mais pontos cresceram para formarem novas linhas e desenhos", assim nasceu o projeto Cultura Vida do Ministério da Cultura, segundo o ministro Gilberto Gil. E dessas linhas e desenhos dos mais de 450 Pontos de Cultura espalhados pelo Brasil, foi tecida a 'Teia' – A Rede de Cultura do Brasil.

O secretário de Programas e Políticas Culturais do Ministério, Célio Turino, idealizador do projeto, explica que o objetivo é unir arte com educação, cidadania e economia solidária, chegando onde o Estado nunca alcançou, acreditando na inventividade do povo. "Limitamos as imposições e dirigismo. Invertemos a lógica da estrutura para a lógica do fluxo. Repassamos a verba e os Pontos utilizam da forma que acharem melhor".

Turino diz ainda que é preciso ir além das tradições e avançar nas novas produções dos morros, periferias e do campo. "'Uni-vos', disse (Karl) Marx em seu manifesto. Assim estamos ligando o Brasil através dos Pontos de Cultura. E isso resulta nessa 'Teia'. Nos unimos com arte. É a habilidade do nosso povo que se transforma no contato com o outro".

Gilberto Gil valoriza o espírito dos "homens e mulheres aranha" da 'Teia'. "Isso é resultado dos sonhos de toda gente simples, dos utopistas, desses loucos, longe dos corações pervertidos, do sonho dos tempos de um possível, novo e completo Messias que não virá se não pelo nosso trilhar, pela força dos nossos braços, pela lágrima dos nossos olhos e pelo sofrimento de nossas eternas mães", afirmou Gil, antes de cantar Refazenda, acompanho dos batuques de uma alfaia pernambucana e o chocalho de um índio, na abertura da 'Teia', nesta quarta-feira (06).

Indústria cultural x economia solidária – "A alienação do mercado, a indústria cultural ditatorial e impositiva, a brutalidade da vida cotidiana submetida à busca impensável pelo dinheiro tentam desmoralizar o jeito brasileiro de ser. Como se esse nosso jeitinho fosse a malandragem dos de cima, que se impõem pelo monopólio da informação. E fazem milhões submeterem-se a esse ser onipresente e onisciente que é o mercado. Que também poderia ser chamado de Piaimã, o gigante comedor de gente, da rapsódia Macunaíma (Mário de Andrade)", pontua Célio Turino.

Dessa forma, a 'Teia' optou por trabalhar em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego e com os conceitos de economia solidária. Segundo o secretário Nacional de Economia Solidária, Paul Singer, "temos muita cultura na economia solidária e muita economia solidária na cultura. Apenas precisamos incentivar a exploração disso. Outra sociedade está em construção. Isso é visível na Feira Solidária instalada na Bienal".

Desenvolvido pelo Ministério da Cultura (MinC), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pelo SESC-SP, com patrocínio da Petrobras, a 'Teia' conta com o apoio do Sebrae, do Instituto Paulo Freire, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Museu Afro-Brasil.

A mostra estará aberta ao público no período dia 6 a 9 de abril, das 10h às 22h, no Pavilhão da Bienal de São Paulo, nos auditórios do Museu de Arte Moderna (MAM) e do Museu de Arte Contemporânea (MAC), no Parque do Ibirapuera, e no SESC Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo. A entrada é franca e a programação completa está disponível em www.teiacultural.org.