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Líderes não definem data para Thomaz Bastos ir ao Congresso

Ainda não tem data prevista a ida do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ao Congresso. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse, em entrevista no final da tarde desta segunda-feira (10), que não há consenso

Renan recebeu ofício, com cópia enviada ao presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), no início da manhã, em que Tomaz Bastos pedia que fosse antecipada para esta semana a sua ida ao Congresso, para falar do episódio que resultou na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.

Segundo Renan, os líderes alegam que, antes do ministro, precisam ser ouvidas outras pessoas. Ele informou que está marcada para a próxima terça-feira (18) a votação do requerimento de convocação do presidente da Caixa Econômica, Jorge Mattoso, um dos que deveriam ser ouvidos antes de Thomaz Bastos.

Entrevista coletiva

No ofício que enviou aos presidentes das duas casas, Bastos afirma que "em respeito à harmonia dos poderes Executivo e Legislativo, gostaria de sugerir-lhes que, respeitada a normalidade dos trabalhos parlamentares, fosse fixado para esta semana meu comparecimento ao Congresso".

Bastos declarou, em entrevista ao Correio Braziliense, neste final de semana, que está propenso a convocar entrevista coletiva para esclarecer o episódio do caseiro caso não consiga ser ouvido pelo Congresso ainda essa semana.

A estratégia do ministro, de antecipar a ida ao Congresso – ele só deveria falar ao parlamento na próxima semana, após os feriados de Páscoa – é favorável ao próprio Bastos. O ministro quer logo prestar esclarecimentos porque acredita que se transformou no novo alvo e não quer ficar aprisionado a uma rotina de divulgação de notas para contestar as versões sobre sua participação no episódio que resultou na saída do ministro da fazenda, Antônio Palocci.

Exposição na mídia

Desde a semana passada, Bastos ocupa lugar de destaque no noticiário da crise política do governo e decidiu não alongar mais sua exposição na mídia.

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), com quem Tomaz Bastos conversou antes de enviar o ofício, avalia que o objetivo do ministro é evitar que um possível agravamento de sua situação aumente ainda mais a temperatura da crise política. Mercadante disse que Bastos deseja esclarecer o caso o mais cedo possível, pois nada teria a temer. "Ele quer transparência", disse o senador petista em entrevista ao Correio Braziliense.

Ao contrário do líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), que defende o comparecimento do ex-presidente da Caixa Econômica Jorge Mattoso, antes do ministro Thomaz Bastos, o líder pefelista na Câmara, Rodrigo Maia (RJ) disse que é necessário, urgentemente, que Thomaz Bastos explique a situação que envolveu o Ministério da Justiça no episódio. "Adiar o depoimento para depois do feriado pode parecer que a oposição pretende desgastar politicamente o governo, e a nossa intenção é apurar os fatos", afirmou.

Pedido do PPS

O presidente da Câmara anunciou que pretende discutir com os líderes de bancadas, ainda nesta semana, a inclusão na pauta do Plenário de requerimento do PPS que convoca o ministro Márcio Thomaz Bastos, para comparecer à Casa. A bancada do PPS protocolou o requerimento na Mesa Diretora da Câmara na semana passada.

Na opinião do presidente da Câmara, o julgamento sobre a necessidade de ampliar as investigações compete à instância policial. "O que é preciso averiguar é se os esclarecimentos prestados são suficientes para o fato em si", declarou ao deixar a sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília, nesta segunda-feira, onde participou do lançamento da Agenda Legislativa do Advogado 2006, que indica temas e projetos prioritários para a categoria.

Investigação severa

Na mesma ocasião, o presidente nacional da OAB, Roberto Busato, disse que a postura do ministro da Justiça será decisiva. "No momento em que Thomaz Bastos for absolutamente transparente, a suspeita que recai sobre ele poderá ou não desaparecer", afirmou Busato.

O ministro da Coordenação Política, Tarso Genro, que também participou da reunião na OAB, disse que ainda não foram apresentados indícios de envolvimento de Thomaz Bastos na violação do sigilo de Francenildo. "O que o ministro tem demonstrado é que ele e a Polícia Federal não só investigaram tudo o que foi denunciado, como também iniciaram e estão fazendo uma investigação severa deste episódio em particular."

O presidente nacional do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP), afirmou que o pedido do ministro Thomaz Bastos, demonstra "a tranqüilidade de quem não tem nada a esconder". "Ele não só se propõe a ir ao Congresso, como se propõe a ir antecipadamente se for necessário para tranqüilizar o ambiente político", disse.

Começo de tudo

O episódio, que culminou com a saída do ministro da Fazenda, Antônio Palocci e o presidente da Caixa Econômica, Jorge Mattoso, teve origem nas declarações do caseiro Francenildo Costa de que o ex-ministro da Fazenda freqüentava a casa de lobby montada em Brasília por ex-auxiliares dele quando era prefeito de Ribeirão Preto. Em seu depoimento à CPI dos Bingos, no Senado, Palocci negara ter estado na casa.

Alguns dias depois veio a público informação com movimentações bancárias atípicas na conta de Francenildo, que este explicou serem depósitos em dinheiro feitos por seu pai biológico, que confirmou a versão. A crise agravou-se quando foi revelado que as informações bancárias de Francenildo haviam sido acessadas por determinação de Mattoso e repassadas a Palocci.

De Brasília

Márcia Xavier

Com agências