Petrobras anuncia revolução com alcooduto de 950 quilômetros

A Petrobras anuncia para 2008 a entrada em operação do novo traçado de alcooldutos, de 950 quilômetros de extensão, que deve revolucionar o mercado brasileiro de álcool, abrindo caminho para que o produto alcance em definitivo o mercado internacional, inf

O projeto de infra-estrutura logística de álcool desenvolvido pela estatal está orçado em US$ 500 milhões e é tido pelos usineiros e agentes internacionais como fundamental para garantir a entrega do produto ao mercado externo. "A nossa intenção é ter o estudo de viabilidade do projeto aprovado pela equipe técnica (da Petrobras) ainda este ano, o que permitirá a construção imediata dos dutos e dos centros coletadores", diz Canabrava. Assim, dado o aval para o início das obras, os alcooldutos ficarão prontos num prazo máximo de dois anos, ou seja, em 2008. "Na primeira etapa, os dutos funcionarão com 50% de sua capacidade total", diz.
O traçado de alcoolduto permitirá o escoamento da produção do interior do Brasil — das regiões de Ribeirão Preto (SP), Triângulo Mineiro e Centro-Oeste — até a Refinaria do Planalto (Replan), em Paulínia (SP). De lá, o produto será levado para os terminais marítimos já encarregados de levar o petróleo e derivados da Petrobras ao mercado internacional. Além desse projeto, a empresa estatal estuda a viabilidade do transporte de álcool para exportação por meio da hidrovia Tietê-Paraná (com passagens pelo Sul do Mato Grosso do Sul, Oeste Paulista e Paraná), o que exigirá a construção de um outro duto com ligação à Replan, de 90 quilômetros.
Grupo japonês
Na avaliação da Petrobras, o projeto de construção do alcoolduto de 950 quilômetros de extensão não deve sofrer a resistência habitual de representantes da população interiorana (preocupados, por exemplo, com expropriações), também não deve ser alvo de reclamações por parte de ambientalistas. Isso porque, de acordo com Canabrava, a passagem do alcoolduto será feita paralelamente a um traçado de oleoduto da Petrobras já existente, que hoje é responsável por levar combustível (gasolina, diesel e querosene de aviação) da refinaria de Paulínia até o destino final, em Senador Canedo (município goiano), com passagem por cidades como Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG). "O impacto dessa obra será nulo, tanto do ponto de vista social quanto ambiental", afirma.
A Petrobras quer oferecer aos possíveis clientes de fora do país, além da logística de alcooldutos, contratos de venda de longo prazos (até 20 anos, com preços pré-estabelecidos associados ao valor do combustível que será substituído). "Nosso desafio é transformar o álcool, um produto ainda doméstico, em uma commodity energética", diz Canabrava. Para isso, "queremos ser um garantido do suprimento do álcool no mercado externo, sem entrar, porém, na área de produção", afirma. O grupo japonês Mitsui é uma das empresas que se aliaram à estatal para, no futuro, viabilizar a importação de grandes volumes de álcool. Hoje, as duas companhias estudam, juntas, maneiras de alavancar a produção. Mas não está descartada a hipótese de a Mitsui se associar a uma usina local para produzir o próprio álcool.
Com agências