Copom defende próximos cortes de juros com “parcimônia”

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avalia que a condução da política de juros deverá ser feita a partir das próximas reuniões com maior “parcimônia”.

Isso porque, segundo o Comitê, os efeitos da política monetária ficarão mais concentrados em 2007. "O Copom entende que a preservação das importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na manutenção do crescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real, poderá demandar que a flexibilização adicional da política monetária seja conduzida com maior parcimônia", diz a ata da última reunião do Copom. "Essa ponderação se torna ainda mais relevante quando se leva em conta que as próximas decisões de política monetária terão impactos progressivamente mais concentrados em 2007", afirma o texto.
O último encontro do colegiado foi realizado nos dias 18 e 19 e reduziu a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 16,5% ao ano para 15,75% ao ano, o menor patamar em cinco anos. Assim como na decisão anterior, o Copom destaca que ainda há incertezas sobre o efeito das reduções dos juros promovidas desde o ano passado sobre a inflação. No entanto, acredita que o atual nível de atividade econômica não irá criar pressões inflacionárias. "Os dados referentes à atividade econômica sugerem a consolidação progressiva de uma trajetória de expansão em ritmo condizente com as condições de oferta, de modo a não resultar em pressões significativas sobre a inflação", diz o documento.

O Copom afirma ainda que o efeito dos cortes de juros — foram sete entre setembro do a no passado e abril — ainda não se refletiu na atividade econômica, assim como "os efeitos da recente retomada da atividade sobre a inflação também não tiveram tempo de se materializar". De acordo com o documento, a atividade econômica será impulsionada pela expansão do nível de emprego e o crescimento do crédito, além do aumento do salário mínimo e dos benefícios fiscais concedidos pelo governo nos últimos meses. Para o Comitê, a convergência da inflação para a trajetória de metas e o cenário de estabilidade contribuem para o processo de redução da percepção de risco. "O espaço para que observemos juros reais menores no futuro continuará se consolidando de forma natural como conseqüência dessa melhora de percepção", afirma.
Álcool
A elevação dos preços do petróleo é vista como um fator preocupante no cenário internacional. No entanto, mesmo com esse "risco adicional", o Copom vê um cenário benigno para a trajetória de inflação. Por todas essas razão, o colegiado estima que a inflação neste ano no chamado cenário de referência, que considera a taxa de juros estável por 12 meses, continua abaixo da meta de inflação de 4,5%. Os membros do Copom alertam que os recentes aumentos do preço do petróleo para níveis recordes é a principal preocupação em relação ao ambiente internacional e que tem impacto na economia brasileira, independentemente do que acontecer com o preço da gasolina.

O preço do álcool combustível apresentou alta de 27,56% no primeiro trimestre do ano e respondeu por 0,32 ponto porcentual da inflação de 1,44% do mesmo período de tempo, segundo a ata do Copom. Somente no mês de março, o álcool combustível experimentou uma elevação de seus preços de 12,85%. "É plausível supor, entretanto, que esse movimento se reverta, ainda que parcialmente, nos próximos meses", diz o texto. O Copom espera que a inflação medida pelo IPCA apresente nova queda em abril. A redução dos preços refletirá um "esgotamento" dos fatores pontuais que provocaram uma aceleração do IPCA no primeiro trimestre do ano.

 

 

Com agências