Em Paris, Festival do Cinema Brasileiro enfatiza o social

Com forte ênfase sobre o cinema social, 21 filmes inéditos na França mostrarão um pouco da produção cinematográfica brasileira em um festival que já é sucesso entre os parisienses.

Começou nesta quarta-feira, 26 de abril, o Festival de Cinema Brasileiro de Paris, que apresentará no histórico cinema Arlequin, no centro de Paris, um total de 21 filmes, entre curtas e longas-metragens, todos inéditos naquele país. Esta oitava edição do festival vem embalada pelo sucesso de 2005, quando mais de 6 mil espectadores prestigiaram a produção cinematográfica brasileira.

A cerimônia de abertura do Festival organizado pela Associação Jangada contou com o diretor João Falcão, estreando seu primeiro longa-metragem, “A Máquina”. Na mesma noite, DJ Dolores capturou sua produção sonora das telas do filme de Falcão, prêmio de melhor trilha sonora no Festcine Goiânia 2005 e mostrou um Brasil eletrônico através das batidas de seu segundo cd “Aparelhagem”, que o público parisiense já conhecia de um grande show no ano passado. No início da tarde, o público já pode acompanhar os curtas-metragens em competição, além dos longas “Crime Delicado”, o quarto na direção de Beto Brant e “Notícias de uma Guerra Particular”, de João Moreira Salles e Kátia Lund.

A partir desta quinta-feira, os 8 longas-metragens em competição serão avaliados por um júri de produtores e atores de diversos países para a escolha daquele que receberá o Prêmio do Júri Profissional e também pela platéia para o Prêmio do Público. Aspirantes a cineastas, alunos de duas escolas francesas de cinema, julgarão os oito curtas-metragens em disputa pelo prêmio. A programação ainda terá a exibição dos cinco longas, fora de competição, além dos documentários selecionados para o Festival.

Cinema social –
Ainda pouco conhecido na França, o trabalho de inserção social e reflexão crítica desenvolvido com jovens de comunidades menos favorecidas no Brasil por associações como a carioca “Nós do Cinema” ganha destaque no Festival. Cinco documentários produzidos pelos alunos da associação foram escolhidos por uma das fundadoras do projeto, a diretora Kátia Lund. “Desliga”, que tem direção coletiva dos alunos da associação, “Sonho de criança” de Débora Herszenhut, Júlio César Siqueira e Sylke Abdinghoff, os documentários “Vida nova com favela”, de Luis Carlos Nascimento, “Vou ter um filho”, de Dávila Pontes e “João Cândido e a revolta das chibatas” foram os selecionados. O curta-metragem “Neguinho e Kika Luciano Vidigal” foi realizado pelos alunos da associação “Nós do Morro”, convidada para a edição do próximo ano.

Kátia Lund também obteve “carta branca” na seleção de cinco longas-metragens, que fazem parte dos que serão julgados entre filmes em competição e fora de competição, a começar na tarde do dia 26 com “Crime delicado”, de Beto Brant, seguido de “Notícias de uma guerra privada”, que tem sua direção em conjunto com João Moreira Salles, além do filme de abertura do Festival, “A Máquina”, de João Falcão. “Arido Movie”, de Lírio Ferreira e “Soy Cuba, o Mamute Siberiano”, de Vicente Ferraz fecham a “carta branca” de Kátia Lund.

Os ídolos do futebol aqui e lá, Leonardo e Raí, também colaboram com a festa por meio da Associação Gol de Letra. O vídeo “Raí, uma estrela das favelas”, do diretor Antoine Robin, mostrará que o futebol não é somente uma paixão para os brasileiros, mas também um meio para a inclusão social.

Mercado do filme brasileiro –
Estréia também no Festival o Mercado do Filme Brasileiro, que junto à empresa brasileira de distribuição internacional Elo Audiovisual, abrirá um espaço para que profissionais da área cinematográfica dos dois países possam ampliar a distribuição de filmes brasileiros em território francês. No dia 27, já estão confirmadas para os encontros e mesas-redondas as presenças de Lúcia Murat, Paulo Thiago, Lírio Ferreira e João Falcão.

Mais de 80 filmes como “Belini e a Esfinge”, “A pessoa é para o que nasce” ou “Carvoeiros” serão também representados, junto a outros que ainda estão em fase de pré-produção, por produtores da Elo.

Festival terá exposição –
Sob a supervisão da ONG Alavanca Brasil, seis fotógrafos de diferentes origens se encontraram na favela São Remo, em São Paulo, na tentativa de elaborar um retrato fotográfico da comunidade. Percorrendo as ruas da favela, munidos de uma câmera fotográfica, eles tentaram captar a realidade mais próxima dos rostos, olhares e atitudes daqueles que moram na comunidade. O resultado do trabalho, organizado por Benjamin Seroussi, está na exposição “Olhares sobre São Remo”, em cartaz durante todos os dias do Festival.

Além do francês Benjamim Seroussi, quatro brasileiras terão suas fotos expostas: a arte-educadora Mônica Cardim, a jornalista Marcela Mattos e as fotógrafas Adriana Elia e Juliana Bruce ; Yoko Dupuis, estudante alemã de fotografia, também participou do projeto em São Remo.