Fotos mostram últimos momentos de Che
Publicado 28/04/2006 16:22
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Por segurança, O'Donnell não revela quem lhe mandou o material. "Imagino quem me mandou, mas não posso dizer. Até hoje em La Higuera [Bolívia] há muito medo de falar sobre isso", disse. Na verdade, o biógrafo explica que as fotos já foram publicadas num livro de pouca circulação escrito por Federico Arana Serrudo, que era, em outubro de 1967, chefe da inteligência militar do Estado-Maior boliviano. "O texto era uma defesa dos militares que mataram Che, por isso não teve maior repercussão", afirma.
O'Donnell não procurou o militar boliviano nem sabe se está vivo. "Como todos os militares envolvidos na época, deve ter quase 80 anos hoje". Para ele, quem tirou as fotos foi o piloto do helicóptero que levou Che.
O'Donnell afirma que uma das fotos, a que ele aparece logo depois de receber os disparos, acaba com a controvérsia sobre a morte do Che. "Ele não morreu em confronto, foi assassinado", explica. "A foto em que Che olha para cima tem toda sua mística. Ele sabe que vai morrer, mas não há rancor nem ódio. Há serenidade. Essa foto não deve nada às duas que construíram a imagem do mito – a que está espalhada em camisetas pelo mundo e a dele morto. Essa se junta a elas agora".
Rota de Che
O'Donnell fez dezenas de entrevistas com pessoas que conheceram o guerrilheiro até sua babá. Ele conta que, na região boliviana de La Higuera onde morreu, há uma espécie de culto a Che. O escritor acredita que o fato de essas fotos terem ficado guardadas por quase 40 anos prova o quanto o personagem Che ainda está presente.
Na Bolívia, o governo de Evo Morales engavetou um projeto de lei que blindaria militares bolivianos que participaram da execução do Che, em 1967. O projeto chegou a ser aprovado pelo Congresso boliviano, mas não foi sancionado pelo então presidente Eduardo Rodríguez, que transmitiu o poder a Morales no final de janeiro.
Com agências.