Garotinho em greve de fome contra “sordidez” de ´Veja´

O presidenciável Anthony Garotinho (PMDB), iniciou neste domingo (30) uma greve de fome por tempo indeterminado.O "último recurso em defesa da verdade", como descreveu, é em protesto contra o que chama "campanha mentirosa e sórdida&q

Mesmo brasileiros não identificados com o estilo político e administrativo do ex-governador fluminense, nem com sua pré-candidatura presidencial, nem com seus ataques ao presidente Lula, sentiram-se chocados com o despudor da capa de Veja.
Fontes no Outro Mundo?
Em outras capas a revista dos Civita já insinuou a demonização de personagens como João Pedro Stédile, Lula, Iasser Arafat e Hugo Chávez. Usou recursos de luz e filtros para assimilar seus desafetos ao Satanaz. Desta vez, porém, superou-se na grosseria da calúnia explícita. Não se sabe que fontes o capista possui no Outro Mundo para afirmar que Garotinho é na verdade o Coisa-Ruim.
Para não se dizer que a edição foi despolitizada, a capa lista “Os 7 pecados capitais da política, que fariam de Garotinho o Capiroto. São eles: “Populismo; Corrupção; Gastança; Irresponsabilidade; Fraude; Falsidade; Intervencionismo”.
Outra reportagem da mesma edição faz o contraponto: uma sorridente foto do presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, enche dois terços da página 56, com a legenda “Estilo franciscano”. O texto nem é favorável à campanha do tucano – que patina ostensivamente –, mas adota o tom de dar conselhos para o candidato se firmar.
Veja não está sozinha
Veja não está sozinha na investida contra o ex-governador, e a nota deste “À nação brasileira” cita também as Organizações Globo. O diário O Globo iniciou a atual maré de denúncias, no dia 23, colocando sob suspeita quatro empresas que fizeram doações à campanha de Garotinho. A Folha de S. Paulo somou-se no dia 25.
Ao cobrir a greve de fome, os portalões da mídia grande na internet silenciaram sobre o exemplo de mau jornalismo dado por Veja. Mencionam a revista, mas não a capa satânica. O onbudsman da Folha abordou na sua coluna de domingo a polêmica de Garotinho com a imprensa, sem citar Veja. A solidariedade intramidiática parece falar mais alto que o espírito de concorrência.
O ex-governador do Rio de Janeiro disse que permanecerá em greve de fome, na sede do PMDB-Rio de Janeiro, “até que seja instituída uma supervisão internacional no processo político-eleitoral brasileiro” e “que os veículos de comunicação que fazem calúnias cedam o mesmo espaço para que a população possa conhecer a verdade dos fatos”. Ao lado da governadora Rosinha Garotinho, divulgou a “Nota à nação”, onde afirma haver “indisfarçável patrocínio do governo Lula” na campanha. Alckmin não é citado no texto.
 Veja a íntegra:
À nação brasileira”

”Desde o dia em que meu nome começou a ser tornar uma opção de milhões de brasileiros contra o modelo neoliberal que vem destruindo a Nação Brasileira, venho sofrendo uma campanha mentirosa e sórdida, tentando desconstruir a minha imagem como administrador, homem público e ridicularizando minhas posições cristãs e éticas.

O sistema financeiro, os bancos e a grande mídia, liderada pelas Organizações Globo e pela revista – com o indisfarçável patrocínio do governo Lula – mentem e não me dão o direito de defesa. Usam a mentira como arma política. Tudo com um só objetivo: impedir que me torne candidato a presidente da república e rompa com este modelo econômico que, ao longo de anos, tem trazido desemprego, fome e miséria para milhões de brasileiros. Um sistema que vem destruindo a nacionalidade brasileira, humilhando as Forças Armadas, entregando nosso patrimônio à ganância estrangeira e, sobretudo, aviltando nossos valores éticos, morais e de amor ao Brasil.

Onde está o meu patrimônio? Em mais de vinte anos de vida pública, o único bem que possuo é a casa que herdei de meus pais na cidade onde nasci.

O amor que tenho pelo povo brasileira é o verdadeiro motivo de tanto ódio contra mim.

Eles mentem, mentem, mentem. Não há nessas reportagens nenhum interesse em informar à população. E sim em caluniar e confundir a opinião pública a poucos dias da definição de minha candidatura à Presidente da República. Numa falta de respeito com os seus leitores, a Veja, em sua última edição, chegou ao absurdo de afirmar que eu havia alugado avião de um traficante. Quando, na verdade, foi locado a uma empresa de táxi-aéreo, que opera a aeronave por decisão do administrador judicial designado pela Justiça Federal do Mato Grosso.

Convenhamos, toda essa perseguição não acontece por acaso. Trata-se de covarde estratégia para impedir minha candidatura. Tenho suportado até agora os golpes mais baixos e as infâmias mais cruéis dos representantes desses grupos. Mas tudo tem limite.

Não destruirão a minha honra e minha vida dedicada ao povo brasileiro com suas mentiras. Ao contrário, ofereço o meu sacrifício para que o povo brasileiro conheça a verdade face de seus exploradores. Pó isso, como forma de protesto, inicio, a partir deste momento, uma greve de fome como último recurso em defesa da verdade que tem sido escamoteada do povo brasileiro. E até que:

a) Seja instituída uma supervisão internacional no processo político-eleitoral brasileiro, assegurando a igualdade de tratamento a todos os candidatos; com acompanhamento de instituições nacionais que tradicionalmente defendem a democracia;

b) Que os veículos de comunicação que nos caluniam cedam o mesmo espaço para que a população possa conhecer a verdade dos fatos.

Minha luta não cessará diante da ganância e do ódio dos inimigos do povo. Conto com Deus, com as orações de todos e com a força do povo brasileiro para enfrentar esse momento.

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2006.
Anthony Garotinho.”
Com agências