Trabalhadores da Volks cortam horas extras e pensam em greve

O Comitê Nacional dos Trabalhadores da Volkswagen não vai negociar a política de reestruturação proposta pela montadora. Reunida nesta sexta-feira (05/05), a comissão decidiu também suspender as horas extras,

Detentora de 22,3% do mercado automobilístico brasileiro, a Volks quer descartar 25% de seus funcionários, cortando 3.016 postos de trabalhos já em 2006. A empresa diz que a valorização do real prejudicou suas exportações. Numa tentativa frustrada de seduzir a categoria, incentivou a competição entre as unidades, privilegiando aquelas que produzissem a menor custo.

Para José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o que a montadora propõe é a precarização das relações de trabalho, com uma política “típica do século 18”.  O Comitê de Trabalhadores, composto por representantes das cinco unidades da Volks no Brasil, promete reação enérgica. A suspensão das horas extras será posta em prática gradualmente. As negociações com os trabalhadores devem se estender por 20 dias. Com a limitação de estoques, o comitê deve deliberar pela paralisação das atividades. “Greve é uma grande possibilidade”, assegurou Feijóo. “Mas vai ser feita sem nenhum tipo de aviso, para pegar a empresa de surpresa”.

Ciente da reorganização sindical da categoria, a Volks começa a recuar no discurso. Anunciou que, em vez de efetuar demissões impreterivelmente, estudará “saídas negociadas”. Mas de proposta, até agora, nada. O comunicado lançado nesta sexta pelo comitê é taxativo: “Os sindicatos não aceitam negociar demissões nem a precarização dos direitos”. As duas maiores centrais sindicais brasileiras — CUT e Força Sindical — já concordaram em unir esforços para reagir à ofensiva da montadora.