Crise entre organizações na Palestina se agrava

Ao menos dez pessoas — entre elas oito crianças — ficaram feridas nesta terça-feira em novos confrontos entre militantes do Hamas e do Fatá em Gaza, enquanto continua a crise financeira e a divergência entre o presiden

Os confrontos desta terça-feira ocorrem um dia depois que três palestinos morreram e oito ficaram feridos em confrontos armados entre seguidores dos dois grupos no sul de Gaza.

A violência entre os dois grupos começou ontem na cidade de Abassane, perto de Khan Yunes, depois de uma série de seqüestros de membros do Fatá e do Hamas.

Segundo testemunhas, integrantes do Hamas tentaram, no domingo (7), seqüestrar um guarda-costas do chefe da segurança preventiva na faixa de Gaza, Salman Abu Mutlak.

A tentativa de seqüestro teria desencadeado a retaliação entre membros do Fatá e Hamas, o que, mais tarde, provocou os confrontos entre os dois lados. O governo palestino, comandado pelo Hamas, pediu "calma" aos dois lados na segunda-feira.

Divergências

A tensão entre os dois grupos é crescentes desde que o Hamas venceu as eleições palestinas de 25 de janeiro, obtendo a maioria no Parlamento.

O presidente Abbas, do Fatá, e o primeiro-ministro palestino Haniyeh, do Hamas, têm divergências sobre as atribuições de cada um no governo, principalmente em relação ao controle dos órgãos de segurança.

A crise é agravada pela falta de dinheiro que vive a administração palestina. Israel, desde março, não repassa mais os impostos devidos ao governo palestino, que são arrecadados pelas autoridades israelenses, enquanto EUA e União Européia cessaram de enviar o auxílio financeiro obtido por meio de acordos em décadas de negociações.

Abbas e Haniyeh se reuniram no domingo (7), mas não conseguiram chegar a um acordo. Ao mesmo tempo, 165 mil funcionários da ANP — entre eles, 70 mil agentes de órgãos de segurança — estão há dois meses sem receber seus salários.

Reunião

Representantes do Quarteto de Madri — EUA, UE, Rússia e ONU — se reunirão hoje em Nova York em busca de uma solução para pagar os salários dos funcionários da ANP.

União Européia e EUA impuseram condições para reconhecer o governo democraticamente eleito e retomar as transferências. Eles exigem que o primeiro-ministro do Hamas reconheça o Estado de Israel, deponha as armas e respeite os acordos de paz da ANP com Israel. O Hamas já disse que só negociará se Israel reconhecer o direito da Palestina de constituir um Estado e os ocupantes sionistas recuarem para as fronteires das estabelecidas nas negociações de 1967.

Na conferência, a França deverá propor outro tipo de pressão, que é a criação de um fundo especial, controlado pelo Banco Mundial, para o pagamento dos salários. O dinheiro não passaria pelo governo do Hamas. O grupo — que venceu por ampla maioria as eleições legislativas de 25 de janeiro — é considerado por UE e EUA como uma "organização terrorista".

Com agências internacionais