YPFB assume controle das petroleiras bolivianas

A estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) nomeou ontem cinco novos diretores nas petroleiras capitalizadas e privatizadas. Ali já não estão mais os funcionários ligados às transnacionais, senão que agora, en

 

Os novos diretores tomaram posse em um ato que contou com a presença do ministro de Hidrocarbonetos, Andrés Solíz, e do presidente executivo da YPFB, Jorge Alvarado, encarregado de entregar as designações aos representantes do Estado diante das empresas e que terão a missão de transparecer o que até agora permanecia obscuro: como se dava o controle dessa empresas nas quais os bolivianos tinham uma participação acionária próxima de 50%.

 

“Passaram-se dez anos da década infame (de capitalização) e saber o nome (dos diretores) era uma informação confidencial, como um todo. Agora sinto que as pessoas que assumem como diretores e administradores estão entrando em um inferno, e o povo boliviano quer saber o que é que existe ali dentro”, disse Soliz Rada.

 

Depois da capitalização, a designação dos representantes dos bolivianos na direção dessas empresas foi responsabilidade de um Comitê de Administração do Fideicomiso dos recursos de capitalização – um grupo de três pessoas que não tinham a obrigação de prestar contas a ninguém – e, em seguida, das AFPs, empresas que nomeavam para esses cargos funcionários ligados à “panela” petroleira além de personagens que dirigiram o obscuro processo de capitalização.

 

Essa forma de administração, ocorrida no momento em que funcionários da Repsol se ufanavam de obter retornos de 10, ali tinham investido apenas 1, geraram as críticas que logo se converteram em pedidos de nacionalização das empresas do setor petroleiro.

 

Os críticos

 

Entre os designados figura o advogado José Luis Roca, autor do primeiro livro que questionou o processo de capitalização e que o classificou como “estranha formação” das Soca, Sociedades capitalizadas, que não figuram no Código de Comércio boliviano. Roca é próximo a Soliz Rada e a grupos de bolivianos que participaram da “resistência” ao poder das petrolíferas na Bolívia.

 

Outro dos designados é o advogado Santiago Berríos Caballero, que realizou estudos sobre a validez legal desses contratos e que logo apresentou uma demanda de nulidade contra eles, devido a não terem sido ratificados pelo Congresso, um passo irredutível na legislação boliviana. Durante os dias de efervescência popular, Berríos explicou várias vezes que não era necessária a nacionalização senão que simplesmente agilizar o processo de nulidade dos contratos petroleiros.

 

Entre os diretores também figuram representantes das Forças Armadas, um setor que – a margem dos comandantes, cuja lealdade se comprova com pagamentos extras – durante o governo de Gonzalo Sánchez de Lozada tinha questionado a política entreguista do governo e que chegou a planejar a tomada imediata dos campos petrolíferos.

 

Até agora, estas empresas funcionavam a base de diretivas impostas pelas transnacionais, quase sem nenhuma objeção por parte dos representantes bolivianos. A partir de agora, com a nova estrutura acionária, a YPFB terá a maioria e a direção será definida por esta empresa que se converte em sócia-majoritária.

 

EBX

 

Em Puerto Quijarro, o ministro da Presidência Juan Ramón Quintana prometeu a três prefeitos da Província German Bush que o governo criará empregos para as pessoas que ficarem desempregadas depois que a empresa EBX sair da Bolívia. Alguns setores da cidade exigem que se nacionalize o que a empresa EBX deixou para constituir uma empresa mista entre governo, municípios e empresas privadas.

 

O prefeito de Santa Cruz, Rubén Costas, disse que se a empresa EBX cometeu uma falta deve ser processada, mas não expulsa do país. “Esta empresa ou qualquer outra que cometa qualquer anomalia, existem leis neste país para castigá-las, para acioná-las. O que não estamos de acordo é que se possa depreciar um investimento”.

 

O ministro de Minas, Walter Villarroel, afirmou que as companhias que desejem realizar investimentos no setor podem confiar que gozarão de segurança em seus investimentos.