CBJP lança nota em apoio à libertação de Olivério Medina

A luta pela libertação do padre Olivério Medina ganhou mais um apoio de peso. Em nota pública divulgada nesta semana, a Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP) pede às autoridades do País que tomem "to

Em sintonia com movimentos populares e lideranças progressistas, a CBJP diz temer "pela vida do Padre Olivério, caso as decisões forem pelo retorno dele" à Colômbia. De acordo com a nota, existem "elementos que levam a crer tratar-se de um pedido de Extradição com motivações políticas". A CBJP, entidade vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), evoca a "defesa da dignidade de sua pessoa humana".

A injusta prisão do padre levou várias entidades — como o Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Defesa da Paz) — a criar o Comitê pela Libertação de Olivério Medina. O pedido de extradição, tratado pelo governo Uribe como "questão de honra", está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal e no Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), que é um órgão interministerial.

O caso Medina –
Francisco António Cadena Colazzos, o Padre Olivério Medina, vive desde 1997 no Brasil, sem ter violado nenhuma lei. É casado e tem um filho brasileiro. Foi preso em agosto do ano passado, numa operação realizada pela Polícia Federal com a colaboração de agentes colombianos da Interpol.

A prisão se deu após um pedido formal de Álvaro Uribe ao governo brasileiro. Especula-se que a Colômbia deseja entregá-lo aos Estados Unidos como narcotraficante e terrorista — o que seria uma dupla violação dos direitos humanos.

Para o jornalista Miguel Urbano Rodrigues, "confiar na independência dos juízes do Supremo Tribunal Federal que ordenou a detenção de Medina seria uma ingenuidade perigosa".

O STF atendeu a nona Fiscalía Delegada (Promotoria) ante os Juízes Penais do Circuito Especializado da Colômbia, que pretende, com sua extradição, adotar medidas investigatórias. Medina é acusado de um suposto crime cometido em 1991, ano em que o padre teria comandado um grupo armado das Farc em ataque a uma base do exército.

Em 2003, o Brasil se ofereceu para mediar o diálogo entre as guerrilhas e o governo da Colômbia. Chegou-se a oferecer o território brasileiro para essas conversações, mas não houve avanços.

À época, a embaixadora do Brasil naquele país, Maria Celina de Azevedo, explicou que "a preparação de uma provável reunião entre representantes da ONU e da guerrilha das Farc no Brasil pode demorar muitos meses".

Na opinião de vários políticos de esquerda do Brasil, o pedido de extradição do Padre Olivério é parte das ações que o governo colombiano leva a cabo para boicotar as tentativas de diálogo. Mais do que isso, enquadra-se dentro das determinações do "Plano Colômbia", desenvolvido em acordo com os Estados Unidos.

O plano também incluiria ainda a promoção dos conflitos no norte da América do Sul, com vistas à intervenção direta das forças norte-americanas e a internacionalização do Amazônia.

Por tudo isso, o apoio à libertação de Medida é também um gesto em defesa da soberania nacional e da luta antiimperialista.

Confira a íntegra da nota

Nota da CBJP

A CBJP – Comissão Brasileira Justiça e Paz, vinculada à CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em sua última reunião da secretaria executiva, decidiu vir a público expressar a preocupação com a preservação da vida de Francisco Antônio Cadena Colazzo (Padre Olivério Medina), a depender das decisões que serão tomadas nos processos de solicitação de Refúgio por ele apresentado ao CONARE e da decisão do Supremo Tribunal Federal no pedido de extradição feito pelo governo da Colômbia. Tememos pela vida do Padre Olivério, caso as decisões forem pelo retorno dele àquele país.

Há elementos que levam a crer tratar-se de um pedido de Extradição com motivações políticas, colocando em risco a vida do Padre Olivério, caso seja extraditado para a Colômbia.

Assim, solicitamos às autoridades brasileiras que sejam tomadas todas as medidas cabíveis no sentido de preservar a vida do Padre, por ocasiões humanitárias e de defesa da dignidade de sua pessoa humana, pois Jesus, o mestre, nos ensina que veio “para que todos tenham vida e vida em abundância”. (Jô 10,10).

Brasília (DF), 09 de maio de 2006