Para policiais, governo paulista é incapaz

Dirigentes de entidades representativas dos policiais civis e militares atribuem os ataques à fragilidade da Lei de Execuções Penais e à suposta incapacidade do governo do Estado de São Paulo de gerir os sistemas de

"Os presos mandam de fato dentro e fora das penitenciárias", afirmou o major Sergio Olímpio Gomes, diretor da Associação dos Oficiais da Polícia Militar.

Segundo ele, todas as promessas feitas pelo governo estadual, como a instalação de bloqueadores de celulares nas cadeias e a colocação de vidros blindados nas bases comunitárias e nos carros policiais, não foram cumpridas.

"Os investimentos feitos são de fachada. Entregam carros em praça pública, fazem formatura de policial em praça pública. Mas, se não houver corte da comunicação e da logística dos criminosos, eles vão continuar promovendo esse derramamento de sangue."

O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM, Wilson Moraes, classificou os ataques contra os policiais civis e militares de "chacina". "A Secretaria de Segurança Pública sabia das conseqüências após a transferência dos líderes do PCC. Por que não reforçou o policiamento nas delegacias e nas bases?", questiona. A secretaria alega que houve reforço.

Moraes afirma que os policiais estão hoje "mal pagos, mal armados e mal equipados". "Quando saem do serviço, têm que repassar o colete a prova de balas para o outro colega. Também é um absurdo deixar um policial trabalhando sozinho na viatura."

Wilson Moraes defende que o governo substitua os secretários da Segurança e da Administração Penitenciária. "O da Segurança é arrogante, prepotente, não entende nada de segurança pública. O da Administração Penitenciária ninguém respeita."

O delegado André Di Rissio, presidente da associação dos delegados, endossa as declarações de Moraes. "Temos um amador na Segurança e outro incompetente na Administração Penitenciária." As assessorias de imprensa das secretarias da Segurança e da Administração Penitenciária informaram que os secretários Saulo de Castro e Nagashi Furukawa não se pronunciariam.

Para Rissio, o Estado perdeu o controle do sistema prisional, e a Justiça e o Ministério Público também não estão cumprindo seu papel. "Cadê os promotores que deveriam fiscalizar as cadeias? Por que a Justiça concede tantos indultos aos presos?"

Di Rissio diz que os detentos saem da cadeia já orientados pelos líderes. "Se ele não matar, é morto." Ele afirma que a polícia não vai se acovardar. "Vamos dar a resposta necessária, na proporção cabível."
Com informações da Folha de S. Paulo