“Brasil é nosso principal aliado e sócio”, diz vice-presidente da Bolívia

O vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, reafirmou que o Brasil é o principal aliado do país e que seu governo espera contar com mais investimentos da Petrobras. “A Bolívia é um país economicamente fraco e um país pequeno e v

“Brasil é nosso principal aliado e sócio, e a Petrobras é muito importante para nós”, disse. “Pelo que sei, o (faturamento) da Petrobras é de cerca de US$ 80 bilhões (estava na casa de US$ 60 bilhões em 2005) e o PIB da Bolívia é de US$ 20 bilhões”, disse. Ele concedeu uma entrevista coletiva a jornalistas brasileiros no palácio presidencial, em La Paz.

 

A Bolívia tem 8,5 milhões de habitantes, uma renda per capita anual de US$ 850, sendo que 40% da população tem, na verdade, renda média de US$ 300 dólares por ano. “Não há aqui atitude abusiva ou revanchista”, afirmou. “Ao contrário, queremos regras claras para melhorar as condições de vida do nosso povo nos próximos 40 anos. Elevar nossa renda per capita de US$ 850 a US$ 2 mil, num prazo de cinco anos. E ainda assim teríamos menos da metade da renda de um brasileiro”.

 

Álvaro García Linera está no exercício da Presidência da República porque o presidente Evo Morales realiza viagem internacional. Na entrevista de mais de duas horas, ele disse que se o governo brasileiro e a Petrobras concordarem em aumentar “um dólar que seja” o preço do gás já representará cerca US$ 300 milhões para a Bolívia. “Para nós, já seria suficiente para fechar um déficit fiscal histórico”.

 

García Linera não antecipou qual será a proposta real de ajuste no preço do gás que a Bolívia fará ao Brasil. “Não se trata de ser generoso (o Brasil com a Bolívia), mas de entender um país que busca usar suas riquezas naturais para melhorar as condições de vida de uma população extremamente pobre”, insistiu. “O que não podemos permitir mais é ter estas riquezas naturais e continuar sendo a Somália da América Latina”. A Bolívia possui a segunda maior reserva de gás da América Latina e conta ainda com vasta quantidade de minérios, entre outros recursos naturais.

 

O presidente em exercício afirmou que depois dos seis meses de negociações com as empresas – como determina o decreto de nacionalização – cada novo contrato das petroleiras com o Estado terá que ser aprovado pelo Congresso Nacional. No caso da Petrobras, ele diz que já foram realizadas auditorias externas que “provam que a empresa já recuperou o capital investido” e que poderia viver com 18% do faturamento (o imposto sobre a empresa passou para 82% após a nacionalização).

 

Quando perguntado se não era perigoso o discurso agressivo, adotado na semana passada, e se não temia que as novas regras levassem o Brasil a fontes alternativas ao gás boliviano, o vice-presidente respondeu: “Esperamos que não. E pedimos ao povo brasileiro acompanhamento e compreensão nestas decisões”.

 
Da Redação
Com agências.