Para Lula, acordo da OMC pode sair este ano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (15) que o acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC) pode sair ainda neste ano. Segundo ele, os encontros que teve com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e com a ch

Luiz Fara Monteiro: Olá amigos em todo o Brasil. Eu sou Luiz Fara Monteiro e começa agora mais uma edição do "Café com o Presidente", o programa de rádio do presidente Lula. Nós estamos gravando esta edição neste domingo, dia 14 de maio, às oito e meia da noite. Eu estou no estúdio da Radiobrás em Brasília e vamos falar com o presidente Lula em São Bernardo do Campo. Tudo bem, presidente?

Presidente Lula: Tudo bem, Luiz.

Luiz Fara Monteiro: Presidente, o senhor chegou hoje de uma viagem à Áustria onde aconteceu a Cúpula União Européia e América Latina. Algum resultado positivo nesse encontro, presidente?

Presidente Lula: Luiz, o que é importante nessas cúpulas é que elas permitem que você tenha contatos bilaterais para resolver problemas que estão pendentes entre os países. Em Viena, eu tive a oportunidade de ter um bom encontro com o primeiro-ministro Tony Blair. Tive oportunidade de ter um encontro com a chanceler Ângela Merkel, da Alemanha. Esses dois encontros foram importantes porque estamos acertando algumas coisas que podem resolver o acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC). O que é importante é que nós temos clareza que tem uma responsabilidade do G-20, representado pelo Brasil, tem uma responsabilidade dos Estados Unidos e tem uma responsabilidade da União Européia. Se cada um cumprir a sua função, nós poderemos, em julho, quando estivermos em São Petersburgo, marcar uma reunião em Berlim ou em qualquer outro lugar da Europa e firmarmos o acordo definitivo da OMC, o que eu acho que será um avanço para os próximos 20 ou 30 anos na questão do comércio internacional. Qual é a solução? Veja, os Estados Unidos têm uma responsabilidade que é a de resolver os subsídios. A União Européia tem o compromisso de permitir o acesso ao mercado agrícola para os países pobres, os países em desenvolvimento. O Brasil e o G-20 têm a responsabilidade de flexibilizar o acesso aos bens industriais para os países mais desenvolvidos, Estados Unidos e União Européia. Se os três blocos conseguirem configurar esse triângulo de objetividade que temos de cumprir, nós poderemos surpreender o mundo com um acordo que parecia impossível. Eu estou convencido de que se cada um assumir a sua responsabilidade, nós poderemos, finalmente, assinar um grande acordo comercial no mundo que possa permitir que os pobres possam vender seus produtos agrícolas nos países mais ricos.

Luiz Fara Monteiro: Agora, presidente, por falar em acordo comercial, em Viena, o senhor também se encontrou com o presidente da Bolívia, Evo Morales. Afinal de contas, presidente, como é que está a relação comercial entre Brasil e Bolívia?

Presidente Lula: Pois bem, ao decretar a nacionalização do gás, houve toda uma polêmica, houve muito discurso, houve muitas interpretações equivocadas, às vezes afirmações equivocadas. Eu sempre acreditei que o bom acordo é aquele quando os dois que estão fazendo negócio saem satisfeitos. O que eu disse ao presidente Evo Morales é que nós reconhecemos que a Bolívia é dona do seu gás e eles, bolivianos, reconhecem que o Brasil é o maior consumidor. Nós somos dois países que precisamos estar em paz, precisamos ter tranqüilidade e precisamos, na renovação dos acordos que temos que fazer, levar em conta, primeiro o contrato que nós temos; segundo, um preço que seja justo para os bolivianos e, ao mesmo tempo, seja justo para os brasileiros que consomem o gás. Mas eu estou convencido de que nós iremos terminar isso garantindo ao povo brasileiro, como eu posso garantir, Luiz, que não haverá falta de gás, que os táxis continuarão funcionando a gás, que as casas que têm gás encanado continuarão recebendo gás e que as indústrias que estão produzindo continuarão, até porque o Brasil precisa se preparar nessa questão energética. Nós temos que ser donos do nosso nariz. O Brasil tem condições e, portanto, nós vamos trabalhar para que o Brasil seja auto-suficiente. Isso não implica que a gente não continue importando gás da Bolívia, desde que o gás da Bolívia seja conveniente do ponto de vista de preço para o povo brasileiro.

Luiz Fara Monteiro: Esse é o "Café com o Presidente", o programa de rádio do presidente Lula. Agora presidente, falando em política interna, o governo federal liberou R$ 1,4 bilhão na última semana para a agricultura. Para que vai servir essa verba?

Presidente Lula: Luiz, a agricultura brasileira tem sido responsável nos últimos anos pelo crescimento da economia brasileira, tem sido responsável pelo crescimento das nossas exportações, mas a agricultura ela fica muitas vezes vulnerável às intempéries. Se chove mais, se chove menos, se não chove, se a gente produz mais, cai o preço. O governo precisa assumir a responsabilidade de garantir uma certa eqüidade desses preços, por isso nós já tínhamos feito um pacote no mês passado e este mês nós estamos liberando R$ 1, 4 bilhão para os agricultores, para garantir o preço mínimo aos agricultores. Eu quero trabalhar de forma que a gente possa garantir tranqüilidade a todos aqueles que no campo produzem, sejam empresários, seja a agricultura familiar. Essa liberação de recursos que nós fazemos é para garantir o preço mínimo da soja e vamos continuar discutindo a agricultura. Para nós, a agricultura é a válvula principal do coração deste país.

Luiz Fara Monteiro: OK, presidente. Obrigado e até semana que vem com mais um programa.

Presidente Lula: Obrigado a você, Luiz. Obrigado aos nossos ouvintes.

Luiz Fara Monteiro: O "Café com o Presidente" volta segunda-feira que vem. Você ouve o programa também pela internet – www. radiobras.gov.br. Um abraço e até lá.

Fonte: Rádio Nacional