Violência em São Paulo adia encontro do PT com Itamar Franco

"Entendemos que é correto aguardar a superação da crise na segurança pública que abala alguns Estados do país. Toda a nossa atenção e os nossos esforços políticos devem estar voltados para esta si

Ainda será definida uma nova data para o encontro. O objetivo da reunião é discutir a aliança do PMDB com PT para as eleições gerais de outubro, após a decisão do PMDB de não lançar candidato próprio à Presidência da República. Na nota divulgada por sua assessoria, o ministro afirma que conversou com Itamar por telefone, pela manhã, e que ambos concordaram em adiar o encontro.

Segundo analistas políticos, o presidente Lula vai partir para o ataque, na tentativa de ter um vice peemedebista nas eleições de outubro. A tarefa, no entanto, não será fácil, pois a ala que venceu a convenção de sábado quer o partido livre para negociar alianças nos estados e garantir a eleição do maior número de governadores, senadores e deputados. O PMDB tem chances de vitória em 13 estados, em coligações variadas.

O presidente do Partido, deputado Michel Temer (SP), comentou o encontro do ex-presidente Itamar Franco, pré-candidato do PMDB à Presidência, com representantes do PT. Ele acha que o ex-presidente não deve abrir mão da própria candidatura.

"O presidente Itamar Franco também foi muito claro ao dizer que o PMDB deveria ter candidato

próprio. O fato de conversar com A ou com B do governo, como eu já conversei, não significa que ele vai entregar-se ao governo e vai abandonar a tese da candidatura própria", disse o presidente do PMDB. "Nós esperamos que ele vá até a convenção do dia 11 de junho."

Decisão em junho

Apesar da decisão de não lançar candidato próprio ao palácio do Planalto, a indefinição do

PMDB deve permanecer até o próximo mês. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal concedeu liminar ao deputado Eduardo Cunha (RJ), ligado a Anthony Garotinho, suspendendo os efeitos da convenção nacional realizada no último Sábado (13) em Brasília.

Temer avalia que o resultado da convenção extraordinária servirá apenas como indicativo para a convenção oficial, prevista para o dia 11 de junho.

No entanto, a ala governista do PMDB deu demonstração de força conseguindo aprovar a proposta contrária a candidatura própria. No entanto, a diferença de apenas 48 votos dá margem contestações já que, uma convenção do PMDB realizada em 2004 definiu que a candidatura própria só poderia ser derrubada por maioria de, no mínimo, dois terços dos votos.

A discussão sobre a validade jurídica da convenção não vai impedir que, a partir de agora, as seções regionais do partido fechem coligações eleitorais, de acordo com seus interesses locais.
Segundo analistas políticos, a questão foi politicamente decidida. Não restará, portanto, à convenção regulamentar de junho alternativa a não ser confirmar essa decisão, de modo a não enfraquecer seus projetos estaduais.

O grande derrotado foi o ex-governador Anthony Garotinho. O ex-presidente Itamar Franco já esperava por esse resultado e há alguns dias pragmaticamente trabalhava com outras opções para seu futuro político.

Entre o PT e o PSDB

Sem o PMDB no jogo sucessório, a disputa tende à polarização no primeiro turno entre o presidente Lula e o candidato tucano Geraldo Alckmin. As candidaturas da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) e do deputado Enéas Carneiro (PRONA-SP) dificilmente alcançarão densidade para evitar que o pleito se resolva ainda no primeiro turno.

Sem candidato próprio à presidência da República, o PMDB se inclina agora a dividir

seus palanques regionais entre os dois principais candidatos na eleição de outubro. Isso significa que seja quem for o presidente eleito, o PMDB mais uma vez participará do governo. O grau dessa participação dependerá do número de governadores eleitos pelo partido e da quantidade de cadeiras que conquistará no Senado e na Câmara dos Deputados.
O ex-governador Geraldo Alckmin trabalha em busca do apoio da legenda nos três maiores

estados do Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O PMDB de Orestes Quércia e Michel Temer parece mais próximo de Alckmin em São Paulo, da mesma forma que o PMDB do senador fluminense Sérgio Cabral.

Em Minas Gerais, no entanto, embora se incline a apoiar a reeleição do tucano Aécio Neves, o

partido poderá abrir seu palanque a Lula. O PMDB mineiro tem no ministério das Comunicações o senador Hélio Costa, e até abril mantinha o deputado Saraiva Felipe no ministério da Saúde. Itamar Franco dificilmente ficará com os tucanos. Mas ele vai precisar  vencer o ex-governador Newton Cardoso na briga pela vaga de candidato ao Senado para que o apoio se torne importante. A ambigüidade do PMDB mineiro no mínimo tornará também ambíguo o palanque que Aécio oferecerá ao presidenciável tucano.

No Espírito Santo do governador Paulo Hartung, um ex-tucano, o palanque será do presidente Lula.

Dividido no Nordeste

No Nordeste o PMDB também se dividirá. O presidente Lula poderá contar com os palanques

peemedebistas no Maranhão, do ex-presidente José Sarney; na Paraíba de José Maranhão; no

Ceará do ex-ministro Eunício Oliveira; e em Alagoas, do presidente do Senado, Renan Calheiros.

O ex-governador paulista poderá contar, no Nordeste, com o PMDB pernambucano de Jarbas

Vasconcelos; o Rio Grande do Norte de Geraldo Melo, e o Piauí de Mão Santa, além de setores do PMDB baiano de Geddel Vieira Lima e o PMDB sergipano do senador Almeida Lima.
O PMDB dos maiores colégios da região Norte serão lulistas. O deputado Jader Barbalho dará

palanque ao presidente no Pará, do mesmo modo que o Amapá de José Sarney, o Amazonas do governador Eduardo Braga e a Roraima do senador Romero Jucá. Em Rondônia, o PMDB do senador Amir Lando está indeciso, e no Acre o partido fechará com Alckmin.
Haverá divisão também nos estados do Centro Oeste. As seções do PMDB de Goiás e do

Tocantins tendem a seguir com Lula. O partido está indeciso no Mato Grosso. Os palanques do PMDB do Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal serão de Alckmin.
No Sul, Alckmin conta com o PMDB de Germano Rigotto, no Rio Grande do Sul, e o de Luiz

Henrique, em Santa Catarina. O PMDB do paranaense Roberto Requião se inclina para Lula, mas poderá tornar-se um palanque neutro, e até mesmo abrir espaço para Alckmin. Tudo vai depender da flexibilidade do PT do ministro Paulo Bernardo.

De olho em 2010

Na convenção de sábado, algumas lideranças do partido que apoiavam o projeto de candidatura própria, já faziam cogitações para as eleições de 2010. Segundo essas lideranças, o PMDB poderá se beneficiar da crise que atingiu os partidos da base aliada de Lula e se consolidar como o maior partido do País.
No PMDB fala-se que se esse cenário se confirmar, a legenda terá meios para atrair antigos quadros, como o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, cujo avô, Tancredo Neves, foi

um dos seus fundadores. Os peemedebistas avaliam que Aécio não tem futuro no PSDB tendo a precedência sobre Minas da ala paulista do PSDB de Alckmin e do candidato favorito a

governador no estado, José Serra.

Com agências

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