Grito da Terra começa em Brasília com 1,5 mil trabalhadores

A abertura do 12º Grito da Terra reuniu, em frente ao Congresso Nacional, cerca de 1,5 mil trabalhadores rurais, vindos em 40 ônibus de 20 estados brasileiros. O principal objetivo é pedir ao governo mais recursos para o plantio, a

O Grito da Terra é organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), que representa 25 milhões de agricultores familiares. O encontro termina na quinta-feira. As maiores delegações devem ser as do Ceará, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais e Piauí.

Na pauta de reivindicações deste ano, o movimento destaca a garantia de preço mínimo para os produtos da agricultura familiar, a renegociação das dívidas dos produtores, R$ 11 bilhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o cumprimento das metas da reforma agrária.

Para o presidente da Contag, Manoel dos Santos, a solução para o problema dos agricultores é unir os recursos com a assistência técnica e a garantia do preço mínimo. “Nós estamos tendo problemas hoje com as famílias que produzem e não têm como vender”, afirmou. “O agricultor sofre duas vezes: sofre quando não produz e não tem o que vender; e quando produz e não tem a quem vender.”

Sem verba –
O agricultor Boaventura Ferreira dos Santos, de 67 anos, participou do Grito da Terra 2006 porque não conseguiu dinheiro, neste ano, para arar sua pequena propriedade, localizada no município de Formosa, em Goiás. Pai de seis filhos, Santos afirmou que nem pensa em largar o trabalho no campo, pois não se acostumaria a viver “na cidade grande”.

“Falta dinheiro para comprar adubo, falta dinheiro para arar a terra. Nós estamos em dificuldade”, disse o produtor de milho, arroz e feijão. “Mas essa plantação agora que vem eu acredito que seja melhor, porque às vezes a gente faz uma boa negociação e sai um dinheiro para a gente arrumar as coisas”, disse o agricultor.

Previdência rural –
No período da tarde, cerca de 200 agricultores familiares vão entrar no Congresso Nacional para tentar mobilizar os parlamentares pela aprovação do projeto de lei 6852/200, que trata da previdência rural.

Ercílio Jair de Stefani, diretor da Federação dos Agricultores de Santa Catarina, pedirá que os deputados e senadores olhem com atenção para o problema do endividamento na agricultura. “Devido aos baixos preços, o nosso agricultor — que foi buscar o financiamento de custeio e investimento — não está tendo como vender o produto e saldar os seus compromissos”, afirmou.

Juventude na ativa –
Paralelamente ao 12º Grito da Terra, está sendo realizado em Brasília o 1º Encontro Nacional do Programa Jovem Saber. É uma iniciativa da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) para capacitar e profissionalizar os cerca de 6.000 jovens que participam do movimento.

De acordo com a Contag, aproximadamente 500 jovens vieram a Brasília participar do encontro. Na tarde desta terça-feira, eles participam de dois painéis simultâneos debaixo de uma lona de circo montada no gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente à Catedral. O primeiro painel falará dos Direitos Sociais e Trabalhistas no Contexto dos Assalariados Rurais e o segundo abordará a Educação no Campo e a Formação Sindical.

Por educação –
Segundo o presidente da Contag, Manoel dos Santos, uma das principais pautas da juventude agrária é a questão da educação no campo. Ele disse que uma das reivindicações do grupo é que o programa de educação no campo Jovem Saber, do Ministério da Educação, aumente o número de beneficiados  — de mil para 3.000.

Maria Elenice Anastácio, coordenadora da Juventude Agrária da Contag, informou que, além da educação no campo, outros temas serão aprofundados com os jovens que participam do encontro: a questão dos direitos sexuais e reprodutivos, os direitos sociais e trabalhistas, a agroecologia e o desenvolvimento rural sustentável. “As pautas da juventude são as nossas duas bandeiras de luta”, disse Maria Elenice.

Da redação,
com dados da Agência Brasil e da Contag