Para tentar salvar Alckmin, PSDB planeja ataques pesados contra Lula

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse ontem a empresários e investidores nos Estados Unidos que o foco da campanha presidencial tucana será abalar a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e responsabilizá-lo pelos escând

"Teremos de fazer uma grande campanha negativa para mostrar que ele [Lula] estava ciente da corrupção.", disse o presidente do PSDB que, nesta semana, teve um ataque histérico durante sessão do Senado ao reagir às declarações do ministro Tarso Genro sobre a responsabilidade do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) na crise de segurança em São Paulo.

Segundo Tasso, somente atacando a figura do presidente será possível eleger Alckmin, que avaliou ser um candidato sem carisma e que terá profundos problemas para contornar o impacto da crise de segurança.

Para Tasso, os ataques do crime organizado afetaram o "cartão de visitas" de Alckmin, a gestão no governo de São Paulo. "Será um profundo problema na campanha a partir de agora, mas não é algo que não possamos resolver. Não é um problema só de São Paulo (…). Precisamos encarar não só como problema social, mas de polícia e Legislativo", disse, lembrando haver indicações de que Lula também é considerado responsável pela crise. "Parece haver uma identificação da população entre o PT e a desordem."

Polícias

Declarando-se "muito preocupado" com os efeitos dos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado, Jereissati disse, porém, que já está definida a estratégia para minimizar o efeito negativo perante o eleitorado: focar na questão como problema nacional e internacional, alimentado por falhas federais no controle das fronteiras e do narcotráfico e nas deficiências da legislação penal.

Segundo ele, o crime organizado está em estágios "pré-mafiosos" e não pode ser simplesmente associado à pobreza ou à falta de programas sociais do governo estadual. Além disso, a campanha tucana voltará a defender proposta antiga de unificação das polícias Civil e Militar. Tasso considerou "ineficiente" a divisão atualmente em vigor.

Traições

O tucano insistiu na importância de que as camadas mais pobres associem a corrupção a Lula, que até agora tem sido visto pela sociedade mais como vítima dos ataques da direita e da mídia. "Todos os seus amigos [de Lula] foram responsabilizados. Lula não pode ficar impune. Alckmin só poderá ganhar se isso aparecer", disse. "A imagem do PT foi totalmente danificada. Vão conseguir talvez dois governos. Mas Lula ainda é carismático, é difícil mudar isso na classe baixa. Estamos tentando tudo. Faremos o melhor possível."

"Lula foi hábil, conseguiu botar a culpa nos outros e fez papel de vítima. Derrubou um a um: José Dirceu, José Genoino, Antonio Palocci, Delúbio Soares, Silvinho Pereira. Queremos mostrar que é impossível o sujeito ser vítima de todos os amigos, é mais fácil que as vítimas sejam os amigos.", afirmou Tasso.

Sem carisma

Questionado pelo público sobre o carisma do candidato tucano, Tasso respondeu que "Alckmin não é" carismático, o que provocou risos no grupo de cerca de 40 convidados no Conselho das Américas, em Nova York, e gerou certo constrangimento. Chegou a ser questionado se o PSDB pensava em trocar de candidato. "Não há a menor chance", respondeu.

O senador ia debater no local as eleições com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, que cancelou de última hora a participação no evento.

Segundo Tasso, parte da propaganda política do PSDB na campanha será voltada a mostrar que a gênese do Bolsa Família aconteceu na gestão Fernando Henrique Cardoso e que não houve "nada de novo" em saúde e educação no governo Lula.

O problema para o tucanato é que este tipo de discurso não condiz com a realidade e se o leitor perceber a falsidade da propaganda tucana, o efeito pode ser o contrário do desejado.

Fonte: Folha Online