Snig confirma: brasileiras trabalham mais e ganham menos

As mulheres já são 38,3% da de trabalho do Brasil, mas ainda têm um rendimento em média 30% menor do que os homens. Na maioria das vezes, elas trabalhavam em atividades precárias, de baixa qualificação e mal remunerad

O trabalho se baseia nos números dos Censos de 1991 e 2000. Foi lançado na sede do IBGE, no Rio de Janeiro, com a presença da ministra da SPM, Nilcéa Freire. Ele mostra que, em números absolutos, a população ocupada feminina saltou de 17,1 milhões para 24,0 milhões entre os dois Censos. Em termos relativos, o avanço foi de 32,4% para 38,3% da população ativa.

O destaque é o trabalho doméstico

“Apesar da entrada da mulher no mercado de trabalho ter significado um grande avanço, os dados do Censo apontam que elas têm se concentrado em ocupações consideradas extensões da vida doméstica”, aponta o texto do IBGE sobre o estudo. O destaque é o trabalho doméstico ou o trabalho sem remuneração que, juntos, somam quase 28% da população ocupada feminina.

Em 1991, as maiores taxas de atividade das mulheres concentravam-se em municípios da região Sul. Já em 2000, o quadro mostrou-se bem mais diversificado. 

Centro-Oeste, Sudeste e Sul são as regiões que concentram as maiores parcelas de mulheres que recebem menos de 70% dos rendimentos dos homens. No Norte e Nordeste, a igualdade de rendimentos é maior. Porém nestas regiões os salários são menores, tanto para homens quanto para mulheres. Quando se cruza os dados referentes à cor e sexo, o quadro é ainda pior para as mulheres pretas ou pardas, alvo de dupla discriminação.

Números favoráveis às mulheres

Há, porém, dados que favorecem as mulheres. No censo de 2000, as taxas de analfabetismo entre homens e mulheres empataram, em 13,0%; já no Censo de 1991 o analfabetismo feminino era mais elevado (19,7% contra 19,2%).

Segundo os dados do Censo 2000, as mulheres são 51% da população brasileira, contra 49% de homens. Elas sofrem menos com mortes violentas – acidentes, homicídios – e por isto elevam a sua participação na população idosa. Entre os que têm 60 anos ou mais de idade, elas chegam a 55%, ou 81,6 homens idosos para cada 100 mulheres idosas.

Domicílios chefiados por mulher aumentam 37%

De 1991 para 2000, os domicílios chefiados por mulheres aumentaram quase 37%, passando de 18,1% para 24,9%. Geograficamente, esse aumento do número de mulheres chefiando domicílios foi generalizado. Em os maiores percentuais de domicílios com chefes mulheres eram dos municípios de Teodoro Sampaio (BA, 42,7%); Salinas da Margarida (BA, 41,0%); Tanquinho (BA, 38,2%) e Porto Alegre (RS, 38,1%).
Segundo os dados do Censo, foi possível verificar que os domicílios chefiados por mulheres têm indicadores de acesso à água tratada (por rede geral) melhores que aqueles chefiados por homens.  Em 1991, a proporção de domicílios chefiados por mulheres que tinham água canalizada por rede geral era de 72,1%, enquanto em 2000, essa proporção atingiu 85,9%. Entre os homens, esses percentuais é de 63,3% e 75,3%, respectivamente.

Em relação à coleta de lixo, também se observa uma melhor situação dos domicílios chefiados por mulheres: em 2000, 82% destes domicílios contavam com o serviço de coleta direta de lixo, enquanto entre os homens, essa proporção era de 72%. “Uma possível explicação para os domicílios chefiados por mulheres terem melhores condições de saneamento é o fato das mulheres serem mais atentas quanto aos aspectos que interferem nas condições de saúde e higiene da família”, aponta o texto.

O IBGE fornece para download um sistema que permite checar e comparar os dados dos dois Censos, em todo o Brasil ou por regiões, unidades da Federação ou Micro-Regiões Homogêneas. O sistema pode ser baixado em http://www.ibge.gov.br.