Lula tem o voto dos pobres, Alckmin vence entre os ricos

Por Bernardo Joffily

Lula é o candidato dos pobres, Alckmin, o candidato dos ricos. A pesquisa CNT-Sensus divulgada nesta quarta-feira (24) confirma esta realidade com números precisos e impressionantes &n

O gráfico ao lado espelha as diferenças na intenção de voto, conforme as faixas de renda do eleitorado, com base no cenário 1 da pesquisa Sensus. Lamentavelmente, os dados desdobrados da pesquisa Datafolha divulgada no “Jornal Nacional” do mesmo dia ainda não estão disponíveis – mas é certo que confirmarão a mesma diferenciação, a julgar pelas edições anteriores do mesmo instituto. Provavelmente nunca houve uma eleição presidencial tão polarizada entre ricos e pobres, desde a de Getúlio Vargas, em 1950.
Heloísa, quem diria, tem mais voto dos ricos
É interessante notar como se comportam os outros candidatos: veja o gráfico.
O ex-governador Anthony Garotinho, que tentou ser o presidenciável do PMDB, tem um eleitorado com perfil social semelhante ao de Lula. Na faixa mais pobre, chega a ganhar de Alckmin, por 14,5% a 13,1%. Ma faz traço, 0%, e nem aparece na camada mais rica, acima de 30 salários mínimos – o que hoje equivale a uma renda de mais de R$ 7 mil por mês.
Já os eleitores da senadora Heloísa Helena (AL), candidata do Psol, têm um perfil semelhante ao de Alckmin. Na faixa mais pobre, Heloísa fica com apenas 3,7% das intenções de voto. Porém na camada acima dos R$ 7 mil mensais ela chega a 8,3%, bem acima de sua média de 6,1%. E na faixa entre R$ 3.500 e R$ 7 mil a candidata do Psol surpreende: chega a 19,5% dos votos.
É claro que os mais pobres são a maioria, como mostra o segundo gráfico, da “Pirâmide Eleitoral”. Para a desventura de Geraldo Alckmin, a camada mais endinheirada, onde ele vence, corresponde a apenas 0,6% do eleitorado…
A divisão por regiões do país
O “Cruzamento” da pesquisa CNT-Sensus fornece outras informações relevantes.
Lula chega a 58,6% das intenções de voto no Nordeste. Enquanto Alckmin, que concentrou sua campanha entre os nordestinos, comeu buchada de bode, usou chapéu de cangaceiro e acariciou um jegue, aparece com 10,1%.
O pior desempenho do atual presidente continua a ser na Região Sul. Mesmo assim, ele alcança 30,7%, ou 11,4 pontos a mais que os 19,3% do candidato tucano.
Quanto ao porte dos municípios, Lula também vence em todos, capitais (37,7%), grandes (41,7%) e médios (38,6%); mas leva maior vantagem nos pequenos, com 45,3%. Ele é também o único que tem maior intenção de voto nas zonas rurais (43,2%) que nas urbanas (39,9%).
Alckmin se dá melhor nos municípios médios (23,5%) e nas capitais fica com 17,8%, abaixo de sua média (18,7%). Heloísa tem nas capitais a exata metade do seu eleitorado.
Gênero, idade, escolaridade
Quanto ao gênero, o presidente continua mais votado pelos homens (45,4%) que pelas mulheres (35,8%). O mesmo acontece com Alckmin. Já Garotinho e Heloísa têm eleitorados predominantemente femininos.
Quanto à idade, Lula tem um eleitorado distribuido uniformemente; seu pico (42,3%) é na faixa de 25 a 29 anos. Alckmin – surpreententemente está com maior aceitação entre os mais jovens: 24,6% na faixa de 16 e 17 anos, contra 17,6% entre os eleitores com 50 anos ou mais. Garotinho e Heloísa também superam suas médias no eleitorado mais jovem.
Quanto à escolaridade, a curva acompanha, menos acentuadamente, a das faixas de renda. Lula ganha em todas as faixas, mas chega a 47,0% entre os que têm até a quarta série, e cai para 28,8% no eleitorado com grau universitário. Alckmin segue o sentido inverso, com 13,8% e 26,0% respectivamente. Mais uma vez, Garotinho segue o ritmo de Lula, e Heloísa o de Alckmin.
Os dados completos do “Cruzamento dos Relatórios” da pesquisa estão no endereço http://www.cnt.org.br/gerenciador/cnt/pdfISC/isc_82_relatorio_cruzamento.pdf .
Fonte:
http://www.cnt.org.br/