Furlan pede e Lula concorda com redução de juro do BNDES

Ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que o Brasil precisa de uma redução na Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na próxima reunião do Conselho Mo

"Presidente, tem que lembrar que 1º de julho é dia de baixar a TJLP, hein?", disse ele. "Espero que o presidente do CMN tenha levado os influxos aqui do Rio de Janeiro (para Brasília)", acrescentou ele, referindo-se ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, ex-presidente do BNDES. Lula, que estava sentado à mesa ao lado dos ministros da Educação, Fernando Haddad, e dos Transportes, Paulo Passos, e do presidente do BNDES, Daniel Fiocca, fez o sinal de positivo com o polegar. O CMN é formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central. A TJLP é usada na correção dos financiamentos do BNDES. Atualmente, a taxa está em 8,15% ao ano.

O presidente cobrou agilidade do banco e disse que tomou um susto quando soube que a instituição levava, em média, 270 dias para responder a um pedido de financiamento. "A máquina pública de um banco ou do governo tem determinados ritmos de funcionamento que às vezes é possível a gente dar um pouquinho mais de corda para ela funcionar mais rápido", disse Lula. O presidente afirmou que foi informado há algum tempo do tempo médio para a aprovação de projetos no BNDES: 275 dias. "Eu confesso que tomei um susto", comentou Lula. "Acho que para dizer sim pode até demorar um pouco, mas para dizer não tem que ser rápido", afirmou.

Grandes projetos

O presidente também defendeu que o BNDES financie projetos em outros países: "O Brasil não só pode como tem a obrigação de financiar o desenvolvimento nos países que fazem a fronteira com o nosso porque nós temos a responsabilidade também com o crescimento desses países, com a segurança, com a paz no nosso continente", disse.  O presidente afirmou também que, por várias vezes, “o Brasil parecia que ia dar certo e, de repente, desandava”. De acordo com ele, isso ocorria porque “o país só era pensado de quatro em quatro anos”.

Para o presidente, o Brasil precisa ser pensado por, no mínimo, 20 anos, inclusive em relação a grandes projetos de infra-estrutura. Destacou, neste sentido, a ampliação da Ferrovia Transnordestina, a auto-suficiência em petróleo e o desenvolvimento do combustível H-Bio que “será um passo além do biodiesel”. O presidente voltará ao Rio no fim de mês, em evento para anunciar a construção do pólo petroquímico em Itaboraí, projeto da Petrobras com o Grupo Ultra. Ele destacou também o investimento da empresa alemã ThyssenKrupp com a Vale do Rio Doce no pólo siderúrgico no Estado do Rio, de US$ 2,4 bilhões.

Lula reafirmou a independência do BC para decidir sobre a taxa básica de juros da economia (Selic). “Vou me auto-indicar para o Comitê de Política Monetária (Copom) para atender a demanda do Furlan já que não participo”, disse o presidente. A afirmação dele referia-se ao discurso do ministro, que voltou a defender mudanças na economia para incentivar o setor produtivo, como a redução da taxa básica de juros (Selic). Cabe ao Copom decidir baixar ou não essa taxa. O presidente voltou a comentar as pressões que recebe em relação ao câmbio. “Minha sala é engraçada, parece uma sacristia, porque entra um que exporta e quer o câmbio um pouco mais alto; ele vira as costas, entra um que importa e quer o câmbio mais barato”. Lula reiterou que o câmbio continuará flutuante e que não serão feitas mudanças.

 

Procaminhoneiro

 

O BNDES desatou o nó do financiamento para a compra de caminhões. A diferença entre a linha de crédito Procaminhoneiro e os demais programas do tipo está na resolução do problema das garantias a trabalhadores autônomos. O banco financiará o seguro do veículo adquirido por caminhoneiros e o caminhão será a garantia do financiamento, por meio de leasing garantido por decreto. Para poder funcionar com operações de leasing, o Procaminhoneiro foi beneficiado pelo Decreto Presidencial número 5.768, de 8 de maio, que permitiu às sociedades de arrendamento mercantil e aos bancos com carteira desta modalidade sob controle de capital estrangeiro realizar financiamentos com base na TJLP. Antes deste decreto somente bancos de capital nacional podiam utilizar financiamentos em TJLP para leasing, o que excluía os bancos de montadoras.

A medida foi elogiada pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfab, que esteve presente ao lançamento do programa, na sede do BNDES. "A operação de leasing permitirá que caminhoneiros sem garantias passem a ter acesso ao crédito do BNDES", afirmou. Ele espera que o programa reanime as vendas de caminhões, que recuaram nos últimos meses. De janeiro a maio, a queda foi de 13% em relação a igual período do ano passado. "Vamos ter primeiro uma recuperação da demanda por caminhões usados, para depois então vermos melhora da produção de caminhão", disse Golfab.

Ganha a indústria e o caminhoneiro, como disse o presidente Lula, ao destacar ganhos econômicos e ambientais. O presidente do BNDES, Demian Fiocca, anunciou que disponibilizará R$ 500 milhões para o programa neste ano. O financiamento é direcionado para a aquisição de caminhões, chassis e carrocerias de caminhões de fabricação nacional, novos ou usados que, no ano de apresentação do pedido de financiamento ao BNDES, tenham completado até oito anos, contados a partir do ano de sua fabricação. No caso de caminhões usados, poderão ser financiados somente equipamentos com garantia de procedência, adquiridos em fabricantes, concessionárias ou distribuidoras autorizadas ou revendedoras independentes, que serão responsáveis pela revisão garantida por pelo menos 90 dias.

 

Com agências