Morre o físico Leite Lopes, “agitador da ciência brasileira”

Faleceu nesta segunda-feira (12) José Leite Lopes, um dos gigantes da física brasileira no século 20. Descrito como "grande agitador e visionário na Ciência Brasileira", Leite Lopes tinha 87 anos e destacou-se igualment

Pernambucano de Recife, nascido em 28 de outubro de 1918, ele graduou-se em Física na antiga Universidade do Brasil e doutorou-se na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, em 1946, com o Prêmio Nobel Wolfgang Pauli. Em Princeton teve a oportunidade de assistir a cursos ministrados por Wolfgang Pauli  e Albert Einstein.
Leite Lopes deu, entre as décadas de 50 e 70, contribuições reconhecidas internacionalmente na área de Física Nuclear e Teoria de Campos e Partículas. Dedicou-se também à criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) no Rio de Janeiro e à consolidação do CNPq como agência federal de fomento à pesquisa científica.

“O Professor Leite Lopes foi um grande agitador e visionário na Ciência Brasileira. Através de seus artigos, livros e palestras, debateu e lançou idéias fundamentais para a implantação de uma cultura científica no País. Em particular, teve uma atuação fundamental na criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear e, ainda na década de sessenta, sugeriu a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia e o embrião de uma organização que mais tarde se tornou a Finep”, testemunha a página do CBPF, em homenagem póstuma

Uma amostra de sua atividade política em defesa da ciência e da soberania nacional está recolhida nos livros “Ciência e desenvolvimento”, de 1964, e “Ciência e libertação”, de 1969. Esta atividade custou-lhe o exílio em 1964, e novamente em 1969, quando foi demitido e cassado pela junta militar que governava o país. Das duas vezes exilou-se na França tornado-se professor primeiro da Faculdade de Orsay e depois da Universidade de Estrasburgo.

De volta ao Brasil, aposentado, Leite Lopes instalou-se no bairro do Leblon, Rio de Janeiro. Durante a semana, ia sempre ao CBPF, na Praia Vermelha. Ali, em uma sala repleta de livros, arquivos e quadros, trabalhava e escrevia suas memórias.

Manteve-se como uma voz dissonante no coro do pensamento único. Nunca concordou que em tempos de “globalização” o Brasil não precisa gastar com recursos na produção independente de ciência porque pode comprar tecnologia no exterior. Denunciou o caráter criminoso das políticas neoliberais do governo FHC para a educação, ciência e tecnologia.

Veja mais:
Biblioteca virtual Leite Lopes: www.prossiga.br/leitelopes

Uma entrevista onde Leite Lopes explica em termos leigos a sua contribuição para a física: http://www.revistapesquisa.fapesp.br/pop/imprimir.php?id=1113&bid=1

A homenagem do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas): http://www.cbpf.br/LeiteLopes/#Autobiografia