Venezuela reforça sistema defensivo cívico-militar

Com a entrega formal de fuzis de fabricação russa às Força Armadas Nacional, a Venezuela deu hoje mais um passo em sua política de renovação militar, considerada pelo presidente Hugo Chávez de caráter absolu

Este ano o país também espera receber 17 helicópteros russos MI-17, MI-26 e MI-35 destinados às zonas fronteiriças, particularmente a área de mais de dois mil quilômetros com a Colômbia, onde operam grupos paramilitares e narcotraficantes. O processo de renovação integra uma nova doutrina militar promovida pelo governo de Chávez, cujo centro é a articulação das forças regulares com a população na defesa da soberania nacional.

 

Com a maior reserva de hidrocarbonetos do mundo (incluindo o petróleo pesado e o super-pesado), as autoridades venezuelanas têm advertido sobre a intenção dos Estados Unidos de controlar esse recurso estratégico, que está em constante diminuição. E negam que a renovação seja parte de uma carreira armamentista. "O país é um território de paz", assegurou o comandante geral do Exéricto, Raúl Baduel, durante inauguração ontem da mostra Expoexército 2006.

 

Neste evento, aberto até o próximo dia 18, estão sendo mostradas pela primeira vez as armas russas recém adquiridas junto ao restante do equipamento e tecnologia utilizado pelas Forças Armadas. A renovação das forças venezuelanas inclui a compra da Espanha de oito embarcações patrulheiras e doze aviões, e ainda a possível aquisição de um número não determinado de aviões russos Sukhoi.

 

A aquisição das aeronaves russas está sendo atravancada pelas pressões dos Estados Unidos, denunciadas pela Venezuela, que obstaculizam a manutenção dos aviões F-16 de fabricação norte-americana com que conta o país. Segundo versões, as autoridades estadunidenses não somente interromperam a entrega de peças de reposição para os aviões, como também de manutenção para as aeronaves, inclusive dos países aliados dos Estados Unidos.

 

No curso de um processo de recuperação da soberania nacional e de impulso à tendência integracionista regional, o presidente Chávez tem denunciado a existência de planos estadunidenses contra o país. Diante desta perspectiva, as autoridades venezuelanas consideram imprescindível alcançar um alto nível defensivo, capaz de disuadir a um inimigo externo que ataque a nação.

 

Chávez, que impulsiona a nova política defensiva de caráter cívico militar, adverteiu Washington que um ataque significaria uma derrota custosa para o invasor, ainda que fosse necessário desenvolver uma guerra de todo o povo durante 100 anos. Para o vice-presidente José Vicente Rangel, "a junção das Forças Armadas e do povo venezuelano é um exemplo do que é hoje em dia o desenvolvimento institucional da República". Segundo ele, essa estratégia também é uma caractéristica em muitos países onde os limites entre uniformizados e a sociedade civil vem desaparecendo.

 

Da Redação
Com agências.