Violência no local de trabalho já é “epidemia”, diz estudo

A violência física e psicológica no local de trabalho está aumentando em todo o mundo e atingiu "níveis epidêmicos" em muitos países industrializados, segundo um estudo publicado ontem pela Organização Internacional do

Profissões antes consideradas "seguras", como magistério, serviços sociais, serviços de biblioteca e tratamento de saúde hoje sofrem níveis crescentes de violência física, tanto nos países ricos como nos pobres, diz o estudo.

Além disso, "prepotência, assédio, violência e grupo e comportamento semelhantes podem ser quase tão prejudiciais quanto a violência física", dizem os autores, Vittorio Di Martino e Duncan Chappell. "Hoje a instabilidade de muitos tipos de empregos coloca enormes pressões nos locais de trabalho, e estamos vendo mais dessas formas de violência."

O estudo diz que os dados disponíveis, embora isolados, mostram uma clara tendência ascendente em prepotência, assédio e intimidação de trabalhadores, afetando mais de 10% da força de trabalho européia, por exemplo.

Nos países em desenvolvimento, mulheres, migrantes e crianças são mais vulneráveis, com o assédio e abuso sexual relatado como um grande problema em lugares tão variados quanto a África do Sul, Malásia e Kuwait.

Ao mesmo tempo, o estudo nota que a violência física declinou nos EUA e no Reino Unido nos últimos anos. Nos EUA o número de homicídios no local de trabalho caiu de mais de 1 mil por ano uma década atrás para cerca de 630 em 2003.

Na Inglaterra e no País de Gales, os incidentes de violência no trabalho caíram de 1,3 milhão em 1995 para cerca de 850 mil em 2002-03, segundo o British Crime Survey.

Enquanto a polícia e o pessoal de segurança correm os maiores riscos de ataque físico, os trabalhadores de saúde e transportes (incluindo motoristas de táxi) também são particularmente vulneráveis, nota o estudo.

Em termos de assédio e abuso verbal, os trabalhadores de centros de telefonia são um grupo de risco pouco reconhecido. Por exemplo, uma pesquisa na Alemanha descobriu que três em cada quatro mulheres trabalhadoras relataram telefonemas de assédio sexual.

E nos países em desenvolvimento as zonas de processamento para exportação também são caracterizadas por más condições de trabalho, incluindo abuso, assédio sexual e agressão física, segundo o estudo.

Ele também cita exemplos de boas práticas empresariais para combater a violência de todos os tipos, concentrando-se em ações para oferecer um melhor ambiente de trabalho, assim como códigos de conduta e treinamento sobre assédio e discriminação.
 

Fonte: Financial Times / Tradução: UOL Mídia Global