Brasil quer padrão único de TV digital no continente

O Brasil está tentando convencer os outros países do Mercosul e do resto da América do Sul a adotar um padrão comum de TV digital.

A ofensiva brasileira para unificar a tecnologia começou ontem por Buenos Aires, onde a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reuniu-se com o ministro do Planejamento argentino, Julio De Vido.

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"Esse é o objetivo do Brasil, ter um modelo único no Mercosul", disse a ministra após encontro com De Vido, um dos ministros mais importantes do gabinete do presidente Néstor Kirchner.

Dilma seguiu ontem mesmo para Montevidéu, onde teria uma reunião similar com autoridades daquele país, e posteriormente uma missão do governo brasileiro viajaria a Assunção, sem a presença dela.

Segundo a ministra, a idéia é realizar encontros para tratar do assunto em praticamente todos os países da América do Sul.

Dilma afirmou que Brasil e Argentina colaborarão no processo de implantação da TV digital independentemente do modelo que venha a ser escolhido por cada país, mas ressaltou que "se escolhermos o mesmo modelo, a cooperação será mais intensa".

A ministra também admitiu que o Brasil vem "aprofundando" a aproximação ao sistema japonês, mas disse que a decisão ainda não foi tomada e só caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Não há prazo determinado para a realização do anúncio.

Dilma afirmou que a opção a ser feita pelo país não significará a simples adoção de um padrão já vigente, mas que o objetivo é "estruturar o nosso sistema brasileiro de televisão digital".

"Na verdade, nós não pretendemos adotar um padrão.

Pretendemos estabelecer um sistema brasileiro de TV digital", afirmou.

Segundo ela, o sistema brasileiro será desenhado com a adoção de "algumas conquistas dos outros padrões tecnológicos" e incorporando inovações elaboradas localmente, "produzindo tecnologia nacional".

Segundo fonte do Ministério do Planejamento argentino, o país vizinho também não definiu ainda que padrão utilizará, mas a idéia de que o Mercosul faça uma opção conjunta é defendida por funcionários do governo.

A ministra brasileira admitiu que há algumas diferenças importantes entre as características da televisão em cada um dos países, que podem fazer com que sejam necessárias adaptações locais, mesmo que prospere a idéia do padrão unificado.

Citou como exemplo o fato de, no Brasil, o acesso à televisão ser majoritariamente aberto, com abrangência de cerca de 90% dos domicílios.

Na Argentina, segundo ela, 65% da população recebe o sinal de TV via cabo.

Dilma afirmou ter assegurado a De Vido que a Argentina terá acesso a "todas as informações, estudos e conhecimentos que nós temos" na área de televisão digital.

Fonte: Valor Econômico