Parada gay em SP deve reunir dois milhões de pessoas
A parada deve reunir cerca de 2 milhões de participantes, estima a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo. O número representa uma queda de 20% na comparação com o ano passado (2,5 milhões), mesm
Publicado 16/06/2006 16:41
Sem muita expectativa de bater o recorde de público de 2005, quando cerca de 2,5 milhões de pessoas lotaram a Avenida Paulista, a Parada do Orgulho GLBT de São Paulo chega à sua 10ª edição rodeada de pressões.
Este ano, o verde e o amarelo devem ganhar destaque no arco-íris. Por causa do jogo, o desfile foi antecipado do domingo para o sábado. É a primeira vez que isso acontece desde 1997. Alguns organizadores acreditam que a mudança poderá reduzir o número de participantes, já que muitos trabalham no sábado. Mesmo assim, foi mantida a previsão de 2 milhões de pessoas esperadas.
Para Nelson Matias Pereira, a escolha foi feita pensando em trazer a homofobia em discussão. "Precisamos criminalizar a homofobia para que os crimes de ódio não caiam na vala comum da justiça", argumentou.
O evento acontece na Paulista, entre a Alameda Joaquim Eugênio de Lima e a Rua Augusta, no dia 17 de junho. A concentração começa ao meio-dia, no vão livre do MASP, e a Parada segue das 14h às 20h. A festa segue pela avenida, desce a Rua da Consolação e termina na Praça Roosevelt, no centro.
Chantagem da prefeitura
Neste ano, os organizadores enfrentaram uma série de dificuldades para a ralização do evento. A principal delas é acobrança de uam inédita taxa de mais de R$ 80 mil reais para que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) possa monitorar o trânsito local. Os organizadores alegam que não têm dinheiro para pagar as taxas cobradas pela prefeitura.
A comunidade gay pediu ajuda à SPTuris, a vereadores e deputados para que convençam o presidente da CET, Roberto Scaringela, a isentar o evento. Scaringela argumentou que há exposição de marca e venda de produtos durante a Parada e que, por lei, não pode isentar.
Pereira diz que só tem marca de casas noturnas nos trios elétricos, que apóiam a Parada. Ele afirmou que a Prefeitura deveria investir R$ 260 mil no evento. Mas pelo levantamento dos organizadores os gastos municipais, até agora, totalizam cerca de R$ 150 mil.
– A Prefeitura fornece o que se comprometeu: lanches para quem vai trabalhar, grades para isolar as ruas, geradores, palcos, som – afirmou Caio Carvalho, presidente da SPTuris.
Pereira diz que a CET informou que vai à Justiça cobrar o pagamento da taxa. Ele disse que não há outro jeito: a Parada Gay vai realizar e, depois, a comunidade vai à Justiça para explicar que é evento da sociedade civil organizada, não comercial, como diz a CET.
– O evento se paga pelo retorno que ele dá à cidade. O tom é lúdico, não cobramos ingressos. É diferente de cobrar para organizar trânsito em shows internacionais e de clubes de futebol, por exemplo, que têm arrecadação – diz ele.
Pereira afirma que os organizadores da Parada Gay pagariam o valor cobrado pela CET se tivessem dinheiro, mas estão sem um tostão no bolso. Segundo ele, o total beira R$ 90 mil, pois além da taxa há adicionais cobrados pela CET em cima do preço do serviço.
Se pagassem, no entanto, eles iriam querer saber o preço de cada um dos itens que justificam a cobrança, já que a notificação apresentada pela CET como gastos não detalha onde e como o dinheiro é usado.
A CET informou que vai fornecer mão-de-obra e fazer a orientação do trânsito durante o evento, mesmo sem o pagamento antecipado.
Além da CET, a Prefeitura também impôs regras rígidas para o evento. A Avenida Paulista deve ser desocupada até às 20h, o que significa que os trios elétricos que tradicionalmente desfilam vagarosamente terão que acelerar o ritmo. Os organizadores deverão ainda se responsabilizar pela limpeza da área e zelar pelos acessos às estações de metrô. Eles deverão ser isolados com tapumes para evitar depredação. A Prefeitura promete multar em R$ 30 mil a organização caso essas exigências não sejam cumpridas.
Kassab diz que vai
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), confirmou hoje sua presença na parada gay 2006. Segundo a agenda oficial, o Kassab deve chegar à avenida Paulista por volta das 14h.
Além do prefeito, outras autoridades devem participar da parada. O senador Aloizio Mercadante, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, também confirmou a presença no maior evento GLS do país.
Representando o Ministério da Cultura, o ator Sérgio Mamberti, que também é Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural, prestigiará o evento pelo segundo ano seguido.
Dois nomes convidados pela Associação da Parada do Orgulho GLBT (APOGLBT) já informaram que não poderão comparecer: Rodrigo Garcia, presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e Aldo Rebelo, presidente da Câmara dos Deputados. Rebelo mandou um telegrama parabenizando o evento.
Fonte: SPTV/Globo Online