Para trabalhar, funcionários da Varig têm de pedir emprestado

A situação dos trabalhadores da Varig, com cerca de dois meses de salários em atraso, "é desesperadora", disse o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Fentac),

Titular também do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre (RS), Klafke afirmou que os funcionários têm expectativa de que haja uma solução. Segundo ele, os trabalhadores não receberam férias e diárias de alimentação do tripulantes, bem como parte do 13º salário referente a 2005 e a cesta básica dos trabalhadores de terra.

O sindicalista — que também é empregado de carreira da Varig —explicou que esses são alguns dos chamados créditos mais recentes devidos pela Varig a seus empregados. Eles deveriam ter sido pagos após a entrada da companhia aérea na nova Lei de Recuperação de Empresas, aprovada no ano passado, em substituição à antiga Lei de Falências e Concordatas. Nessa dívida não está incluído o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que "a Varig está há bastante tempo sem pagar", disse Klafke. A decretação da falência da empresa, por outro lado, é considerada pelos empregados a pior saída, afirmou.

O presidente da Fentac advertiu que a sensação geral é de que, "por mais desesperadora que a situação seja, existe uma esperança muito grande de que a empresa sobreviva e venha a resolver problemas, inclusive de atraso de salários e de pagamento de direitos". Apesar da crise, Celso Klafke revelou que os turnos de trabalho estão normais. Em relação aos aeroviários, ele admitiu que o grau de estresse é bem alto diante do atraso dos salários e do elevado número de cancelamentos de vôos. "Muitos aeroviários não têm condição de enfrentar essa situação e acabam abandonando os postos de trabalho".

Sobre os aeronautas (empregados que trabalham a bordo dos aviões, como pilotos e comissários), o presidente da Fentac revelou que "o grau de profissionalismo é muito alto. Uma coisa que todo mundo reconhece é o grau de excelência do trabalhador da Varig de qualquer área", salientou. Segundo Klafke, alguns pilotos, entretanto, têm faltado ao serviço, o que acarretou problemas na escala de vôos.