Ocupantes impõem censura à imprensa no Afeganistão

O governo do Afeganistão gerou revolta entre os jornalistas do país depois da distribuição de uma lista de "restrições" ao que pode ser noticiado. A lista de temas censurados incluem diretrizes para que as

Muitos na imprensa do país vêem a medida, que não se aplica a jornalistas estrangeiros, como uma diretiva para cercear o trabalho da imprensa. O governo negou que a lista contenha "restrições", alegando que ela é "apenas" um pedido para que a imprensa não "glorifique o terrorismo".

O documento de duas páginas — obtido pela BBC de Londres — consiste em uma lista extraordinária de exigências para a imprensa afegã. Críticas às forças invasoras encabeçadas pelos Estados Unidos ou às forças do Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) estão proibidas. Também está proibida a realização de entrevistas com o que o documento chama de "comandantes do terrorismo", na verdade qualquer membro da resistência. Também estão proibidas as filmagens, gravações ou até mesmo fotografar membros da resistência.

Representar as forças armadas afegãs como "fracas" está proibido assim como publicar entrevistas que tenham opiniões contra a política exterior do governo. O documento também determina à imprensa não noticiar as atividades da resistência, como ataques suicidas ou bombas perto de estradas como manchetes de boletins.

A carta, conseguida pela BBC, tem uma indicação para que não seja distribuida ou copiada e foi entregue pelo serviço secreto do Afeganistão a jornalistas do país em uma reunião promovida pelo governo do país. Não se sabe qual nível de hierarquia sancionou a carta, embora existam suspeitas de que as forças ocupantes estejam por trás da atitude.

O serviço de porta-vozes do presidente instalado pelos ocupantes, Hamid Karzai, fez uma declaração rejeitando as informações de que o governo tenha divulgado "restrições" para a mídia local, censurando suas atividades. A declaração afirma que "apenas pediu" à imprensa que "tente não glorificar o terrorismo e não forneça uma plataforma a terroristas". "Este pedido é totalmente consistente com os princípio de liberdade de expressão e imprensa da Constituição", alegou a declaração.

A imprensa do país reagiu, considerando a carta uma forma de intimidação e uma tentativa de restringir a imprensa. O sucesso de mídias que se colocam contra a ocupação, na medida do possível, é encarado como o principal motivo para que o governo instalado reaja com uma lei "informal" de censura.

Novos canais de televisão e estações de rádio fizeram críticas ao governo. Uma agência de notícia disse que 95% de suas reportagens seriam proibidas se estas regras e regulamentações se transformarem em lei.