Reinstalada em São Paulo, ABI prepara grandes mobilizações

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) pretende ampliar a mobilização contra a violência e a favor da melhoria nas áreas de saúde, educação, crescimento econômico, distribuição d

O evento ocorreu no Teatro São Pedro, na capital paulista, e contou com a presença de mais de 300 pessoas. O Conselho Consultivo da ABI-São Paulo tem como presidente de honra o Arcebispo Emérito de São Paulo, cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. O vice-presidente é Audálio, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Lembrando a histórica luta da ABI em prol da liberdade de imprensa e contra os regimes ditatoriais, Audálio — que dirigirá a representação em São Paulo — salientou que a entidade reúne jornalistas, mas está de olhos voltados para todos os problemas da sociedade. "Agora que vivemos sob um regime de democracia, devemos voltar nosso olhar para conquistas inerentes aos direitos humanos e melhoria da qualidade de vida dos brasileiros".

Presidente de honra da ABI-SP, o Arcebispo Emérito de São Paulo, cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, deixou mensagem em vídeo, mencionando a satisfação de integrar a ABI, agora que a entidade faz seu retorno a São Paulo. "Considero isto um ato de justiça para com a população paulista. Nós vamos participar de toda a demanda de comunicação do País, através da nova representação", declarou o religioso, também formado em Jornalismo.

Após abertura, com a execução do hino nacional pelo pianista Arthur Moreira Lima, em seu pronunciamento, Audálio agradeceu a presença de muitos companheiros de imprensa, muitos deles associados à ABI em 1975, quando buscavam apoio para defender a profissão e como forma de ampliar a resistência contra as arbitrariedades do período da ditadura.

Ele comentou que, ao aceitar o convite para o cargo de vice-presidente da ABI, uma das primeiras propostas colocadas em discussão foi que a entidade deveria voltar a ter uma representação em São Paulo. "Não é porque agora vivemos em plena liberdade de imprensa que vamos esquecer dos crimes praticados contra a nossa classe e contra toda a sociedade. A violência hoje se pratica contra a maioria do povo brasileiro, que vive em situação de miséria. Defender os direitos desta população é o principal papel dos jornalistas", destacou.

Lutas históricas

Fundada em 7 de abril de 1908, a Associação Brasileira de Imprensa foi primeira entidade representativa dos jornalistas brasileiros. Foi criada para assegurar a liberdade do exercício da profissão. Sua história está vinculada à defesa da liberdade de imprensa e às principais questões de interesse da sociedade, como na redemocratização do país durante os regimes totalitários.

 

Grandes nomes do jornalismo estiveram à frente da entidade, desde Gustavo Lacerda, seu fundador, Herbert Moses, Barbosa Lima Sobrinho, Prudente de Moraes, neto. Em sua lista de associados constam nomes como os de Pedro Ernesto, que foi prefeito do Rio de Janeiro; o compositor Heitor Villa-Lobos, o arquiteto Oscar Niemeyer, Chico Caruso, Hélio Fernandes, Ferreira Gullar, José Aparecido de Oliveira, Roberto Marinho e Villas-Bôas Corrêa.

 

Durante o período de dois regimes ditatoriais, como o Estado Novo e o Golpe Militar de 64, a entidade lutou pela libertação de jornalistas presos e submetidos a inquéritos policiais, acusados de subversão. Foi pelo empenho da ABI que vários jornalistas exilados puderam retornar ao Brasil antes da anistia. A denúncia contra o assassinato do jornalista Vladimir Herzog — que partiu do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, então presidido por Audálio Dantas — em 1975, foi prontamente apoiada pela ABI.

 

Participante ativa da campanha "O Petróleo é Nosso", a entidade foi uma das principais trincheiras da luta que levou à criação da Petrobras, em 1953. Mais recentemente, foi a responsável pelo pedido da abertura do impeachment de Fernando Collor de Mello, durante o quarto mandato de Barbosa Lima Sobrinho na presidência da entidade.