Lula anuncia candidatura e é ovacionado em convenção do PT

"Hoje eu estou aqui para anunciar que sou, mais uma vez, candidato à presidência da República", afirmou neste sábado (24/06) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso na Convenção Nacional de seu partido

"Estou aqui para dizer a vocês que decidi submeter meu nome e meu governo, humildemente, ao julgamento dos meus irmãos brasileiros", afirmou o presidente. Sua fala foi saudada pela platéia com o canto "Olê, olê, olê, olá / Lula, Lula-lá", que o acompanha desde sua primeira campanha presidencial, em 1989.

Com o anúncio deste sábado, Lula concorrerá ao cargo pela quinta vez. Perdeu as primeiras disputas (1989, 1994 e 1998), mas consagrou-se na última, em 2002, quando venceu José Serra, no segundo turno, com convincentes 52,7 milhões de votos — votação recorde no mundo.

A Convenção do PT
O auditório do Minas Tênis Clube, com lugares para 4.000 pessoas, segundo a organização do evento, estava praticamente lotado, com militantes e integrantes da administração federal que são filiados ao partido. Nas faixas que decoram o salão, estava inscrito o lema "É Lula de novo, com a força do povo".

Lula usou seu discurso para fazer um balanço dos resultados alcançados em seus três anos e meio de governo. As realizações de sua administração nesse período, segundo ele, justificam a candidatura à reeleição. "Volto a ser candidato porque o Brasil, hoje, está melhor do que o Brasil que encontrei três anos e meio atrás, mas pode — e precisa — melhorar muito mais", afirmou.

Os pobres, após esse período de governo, segundo Lula, estão menos pobres: "E poderão continuar melhorando de vida, caso sejam mantidos e aprofundados os programas sociais que implantamos. Volto a ser candidato para ampliar o que está dando certo, corrigir o que houve de errado e fazer muita coisa que ainda não pôde ser feita."

Oposição retrógrada
O candidato também classificou os opositores como "vozes do atraso". "Todos se lembram do final do governo deles, quando a economia encolhia, o emprego diminuía e a pobreza aumentava", disse, em referência ao governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), mas sem citar o nome do tucano. "Quando assumimos o governo, o país estava à beira da falência."

No palco, Lula recebeu sete usuários de programas sociais do governo, vindos de diferentes partes do país. Eram pessoas atendidas pelos programas Luz para Todos, Bolsa Família, ProUni e Samu, além de três beneficiados por empréstimos: um para a compra da casa própria, outro para investimento em um pequeno negócio e um terceiro, agricultor familiar, pelo Pronaf.

O candidato também mencionou a crise política resultante de denúncias de corrupção, no ano passado. Reconheceu a gravidade dos problemas: "Sem dúvida, nunca enfrentamos uma crise como a que se abateu sobre nós no ano passado". Mas afirmou que a oposição tentou se aproveitar politicamente do episódio. Houve ampla investigação por parte das instituições competentes, como a Polícia Federal. "A sociedade entendeu o que se passou e sabe que, se determinados fatos afloraram, é porque este foi o governo que mais apurou e puniu a corrupção em toda a história."

Em relação à economia, Lula fez diversas comparações entre os números de seu governo e os do governo anterior — como crescimento, renda, dívida e reservas internacionais. O objetivo era mostrar que, em qualquer caso analisado, foi capaz de obter resultados melhores em sua administração. A referência foi a idéia de "superávit social": "Superávit social, para mim, é a oferta justa, de bens e serviços de qualidade e de meios para que todos possam crescer e progredir".

"Não fizemos tudo o que queríamos. Porém, fizemos muito mais do que certa gente imaginava", disse. "Tenho certeza de que só frustrei profundamente dois tipos de pessoas: aquelas que pensavam que meu governo seria um caos — e torciam para isso —; e aquelas que, com paixão e ingenuidade, imaginavam que eu poderia resolver todos os problemas do Brasil em apenas quatro anos."

Planos
Como perspectiva para o segundo mandato, Lula mencionou desafios como as reformas política, previdenciária, agrária e urbana, a redução da carga tributária – por meio da melhoria da qualidade do gasto público – e a segurança pública. "Se reeleitos, continuaremos fazendo um governo de seriedade, responsabilidade e equilíbrio", disse.

Falando diretamente aos petistas, Lula lembrou que, em caso de reeleição, o partido não governará sozinho. "Precisamos fazer um segundo governo melhor do que o primeiro e buscar coalizões sólidas para dar sustentação, sem indecisões, ao programa de governo."

Após o discurso de Lula, a convenção do PT se encerrou com uma votação simbólica, ao som do batuque do grupo Ilê Ayê e de uma chuva de papel picado. A maioria dos presentes levantou os crachás para aclamar a chapa Lula-José Alencar. Na votação oficial, segundo a assessoria do PT, os 21 integrantes da Executiva Nacional do partido foram favoráveis à indicação da dupla.

Berzoini
"O povo vai construir uma vitória política da nação brasileira contra aquela minoria que sempre quis governar o Brasil de costas para a maioria da população”, disse o presidente do PT, Ricardo Berzoini, em seu discurso. “Luiz Inácio Lula da Silva representa muito mais que um presidente da República. É o líder que o nosso povo vê com condições de elevar o Brasil a uma situação de uma nação justa, política, social e culturalmente.”

Berzoini disse que a militância petista vai se mobilizar na campanha. "Nós vamos fazer uma luta não é apenas para levar Lula a mais quatro anos de mandato presidencial. É para vencer politicamente um debate no país. Ao contrário do que alguns querem colocar, não é uma eleição que vai dividir o Brasil entre ricos e pobres", completou. "O Brasil hoje tem diante de si um momento histórico."

Também falaram no evento o presidente do PRB, Vitor Paulo, e aliados históricos, como o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, e do PSB, Eduardo Campos. Da atual base governista, estiveram presentes representantes do PTB e do PMDB. Também estavam no palco os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador e ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP), candidatos ao governo de diversos estados do PT, ou de seus aliados, além de ministros e parlamentares petistas.

Da Redação, com dados da Agência Brasil