PCdoB de Minas Gerais realiza Convenção Eleitoral

Marcada por um clima de festa (sobretudo dos jovens da militância comunista que estavam presentes e, a todo o momento, puxavam um coro da platéia com frases de ordem do tipo "um, dois, três, quatro, cinco, mil, e viva o Partido Comunista do Brasil"), a convenção indicou o nome da deputada estadual e presidente do PCdoB/MG, Jô Moraes, para ser candidata a deputada federal, e lançou uma chapa única com 50 nomes para deputado estadual.

A convenção apoiou também a formação de uma chapa para governador, encabeçada pelo ex-ministro petista Nilmário Miranda, que irá disputar o governo em Minas. Na última quinta-feira, dia 22, reuniram-se representantes do PCdoB, PT, PMDB, PMN, PRB e PTN para decidir sobre o fechamento de uma aliança em torno da candidatura de Nilmário. Além disso, a presidente do PCdoB de Belo Horizonte, Gilse Cosenza, foi indicada para compor a chapa majoritária, como candidata ao cargo de vice-governador ou ao Senado.

Após a exibição do hino nacional e de uma apresentação cultural com danças e músicas afro-brasileiras, o membro da executiva nacional do PCdoB, João Batista Lemos, fez uma exposição sobre a conjuntura nacional e os desafios dos comunistas nestas eleições. "O país passa por um momento decisivo. Estamos diante de dois caminhos: o do desenvolvimento e dos interesses nacionais, e o do retrocesso, com a volta dos ditames do neoliberalismo. O projeto do Geraldo Alckmin [candidato à presidência pelo PSDB/PFL] é o do Estado Mínimo, ou seja, a prevalência do imperialismo norte-americano e dos interesses do capital financeiro. E o outro caminho, o dos interesses nacionais, passa necessariamente pela reeleição do presidente Lula".

A política externa do governo Lula, conforme ressaltou João Batista, tem apontado para uma integração soberana com os países do Mercosul. "Do ponto de vista da soberania, o presidente deu passos firmes e seguros", disse. "A questão do emprego também foi enfrentada, com a geração de mais de três milhões de postos de trabalho. Na economia, temos uma questão híbrida, pois a política macroeconômica continua ortodoxa. Isso não podemos permitir, e o nosso partido tem feito críticas duras em relação a isso", completou João Batista.

O comunista destacou a necessidade de construir uma frente ampla para aprofundar as mudanças na próxima gestão do governo Lula. "Precisamos alterar a correlação de forças no governo, na Câmara e no Senado. Temos que conquistar uma bancada expressiva de comunistas. Dessa forma, eleger Jô Moraes não é uma questão apenas de Minas, mas estratégica também", afirmou, ao som de "um, dois, três, quatro, cinco, mil, e viva o Partido Comunista do Brasil".

Em seguida, a deputada Jô Moraes saldou os companheiros na convenção e fez uma análise da conjuntura estadual, acerca do governo de Aécio Neves. A parlamentar comunista nem bem começou a falar e foi interrompida por jovens da UJS, que cantavam: "Aécio Neves, almofadinha, Minas Gerais vai botar você na linha. Aécio Neves, almofadinha, Minas Gerais vai botar você na linha"…

Segundo Jô Moraes, os militantes terão três desafios em Minas Gerais: inverter as prioridades estabelecidas pelo governo estadual, que privilegia as elites, implantar uma política tributária que desonere a população e construir um governo democrático. "Queremos um governo que trabalhe para o povo, no combate às desigualdades sociais. Como diz Guimarães Rosa, Minas são muitas, e nós vamos mostrar isso nas urnas ao governo tucano", disse a deputada. Logo depois, ao terminar com uma metáfora futebolística e arrancar risos e aplausos dos comunistas, novamente a juventude puxou outra frase de ordem: "Oh Minas Gerais, oh Minas Gerais, quem te conhece vota Jô Moraes, oh Minas Gerais"…

Após o discurso da deputada Jô Moraes, o vice-presidente e secretário de Organização do PCdoB/MG, Zito Vieira, fez a leitura de trechos da resolução política eleitoral e aproveitou a oportunidade para ressaltar a aliança com o PMDB no Estado. "Foi uma decisão histórica, pois é a primeira vez que o PMDB junta-se a partidos de esquerda logo no primeiro turno em Minas Gerais".

De acordo com Zito, o governador Aécio Neves apresenta vantagens nas pesquisas eleitorais em decorrência da ampla exposição na mídia. Porém, esse quadro será alterado após o início da campanha eleitoral. "Essa história de déficit zero é uma mentira, uma grande peça publicitária. Vamos desconstruir esse discurso. Estou otimista, pois vamos derrotá-los", destacou. Em seguida, o vice-presidente apresentou os nomes da chapa única do partido que irá concorrer a uma cadeira na Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Ao final da convenção, os comunistas e militantes do PcdoB/MG divertiram-se com a Festa Junina realizada na área externa da Assembléia, com músicas, quadrilha e barraquinhas.

De Belo Horizonte

Denilson Cajazeiro

Segue abaixo a íntegra da Resolução Política aprovada:

A Convenção Estadual do PCdoB-MG apóia a formação de uma chapa para governador encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores – com a qual coligará – chapa esta integrada pelos demais partidos que a ela se incorporarem nas suas convenções. Apresenta o nome da camarada Gilse Cosenza para compor a chapa majoritária. Aprova a coligação com o PT e demais partidos para a disputa proporcional da Câmara Federal através da indicação de Jô Moraes. E disputará a vaga para a Assembléia Legislativa através de chapa própria. A convenção aprova os nomes da lista em anexo e autoriza a Comissão Política Estadual a ampliar as indicações caso seja necessário. Autoriza também a CPE a adequar essas definições caso surjam alterações nas coligações dos demais partidos.

Belo Horizonte, 24 de junho de 2006.