Entidades divulgam Projeto Brasil e entregam texto a Lula

Com atos públicos em São Paulo (SP), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE) e Goiânia (GO), a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) apresentou oficialmente para a sociedade o Projeto Brasil. As atividades ocorreram

 “Esse manifesto político foi construído coletivamente pelas entidades que compõem a CMS”, lembrou o primeiro-tesoureiro da CUT, Antonio Carlos Spis, que também é dirigente na Coordenação dos Movimentos Sociais. “Queremos dar ampla visibilidade a essas propostas e reivindicações, debatê-las com outros segmentos da sociedade e apresentar como plataforma de reivindicação aos candidatos à Presidência da República”, afirmou Spis.

Em Contagem, o presidente da CUT-MG, Lúcio Guterres, representando a CMS do estado, entregou o Projeto Brasil a Lula, após cerimônia realizada no Sesi. “O presidente recebeu bem a notícia e nos informou que já tinha sido comunicado sobre o Projeto Brasil pela coordenação nacional da CMS”, disse Lúcio Guterres. Segundo ele, Lula “está aguardando o melhor momento para se pronunciar a respeito”.

Conjunto de reivindicações dos movimentos sociais para o governo, o Projeto Brasil traça uma análise da conjuntura nacional, com propostas de desenvolvimento nacional e mais direitos dos trabalhadores. Foi elaborado durante o 2º Fórum Social Brasileiro, ocorrido no Recife, em abril. É assinado por CUT, UNE, MST, Conam, MST e Marcha Mundial de Mulheres, entre outras entidades.

São Paulo, o destaque
O principal ato desta quarta-feira ocorreu em São Paulo. Mas o mau tempo na capital paulista prejudicou a manifestação, que reuniu pouco mais de mil pessoas, concentradas na Praça Ramos de Azevedo, a partir das 9 horas. Para complicar, uma viatura da CET (Companhia de Engenharia de Trânsito), de maneira truculenta, não permitiu que o caminhão de som ficasse estacionado no local da manifestação.

Na concentração, diversos representantes de entidades municipais e estaduais fizeram uso da palavra para destacar a importância do ato e do Projeto Brasil. Às 12 horas, começou uma passeata até a Praça da Sé, com discurso de representantes de entidade nacionais. O presidente da CUT, Artur Henrique, destacou a participação da entidade no fórum da CMS. “A CUT participa dessa mobilização da CMS, que é com certeza a principal entidade e ferramenta do movimento sindical e dos movimentos sociais”, declarou.

“Temos o desafio de impedir o retrocesso e aprofundar o avanço e as mudanças”, resumiu o sindicalista. “O retrocesso é representado por iniciativas como a de hoje, quando o governo tucano doou a CTEEP à iniciativa privada. Eles querem voltar para fazer poder vender o patrimônio público que restou. Querem vender a Petrobras, os bancos públicos. Essa é a disputa que enfrentamos nesse momento”.

Segundo Artur Henrique, a mobilização da CMS “é o início de um amplo processo de pressão para implementar as plataformas dos movimentos sociais. Queremos mais soberania, mais direitos. Não queremos privatizações, flexibilização de direitos. Queremos, sim, menos juros, menos superávit primário, mais emprego e mais investimentos em políticas e programas sociais. Mas, para chegarmos a isso, será necessária muita mobilização, muita pressão dos movimentos sociais organizados”.

Outros estados
As atividades em Curitiba ocorreram na Boca Maldita, tradicional ponto de encontro e manifestações políticas. Além de lançar o Projeto Brasil, os manifestantes reivindicaram a anulação do leilão da Vale do Rio Doce.

Na Esquina Democrática — local de Florianópolis escolhido pela CMS —, houve apresentações culturais e panfletagem, em meio ao lançamento do Projeto. A Praça do Ferreira foi o placo das atividades no Ceará.

Já em Goiânia, o foco foi todo para um debate sobre o Projeto Brasil. Com a atividade, realizada no auditório da CUT-GO, os manifestantes divulgaram o documento à sociedade local.

Medidas indispensáveis
O Projeto Brasil contém uma série de itens considerados pelos movimentos sociais como essenciais para o avanço do país, segundo Raimundo Bonfim, diretor nacional da CMP. "Entre eles estão a redução da taxa de juros, o crescimento econômico com distribuição de renda, mais investimento nas áreas sociais e uma participação efetiva da sociedade nas grandes decisões do país", diz.

Bonfim considera que, apesar da importância dos partidos políticos e governos, é necessário que a sociedade civil tenha sua própria pauta de reivindicações para que o debate avançar. "Por isso, nosso propósito hoje é lançar nas várias capitais esse documento e chamar a população para uma discussão mais aprofundada para que possamos no próximo governo, independentemente de quem seja, avançarmos nessas propostas".

De acordo com Bonfim, novos atos serão realizados em setembro, para divulgar e debater o documento. No início do próximo governo, os movimentos sociais apresentarão esses pontos — rediscutidos — ao presidente eleito.

Da Redação, com Portal do Mundo do Trabalho e Agência Brasil