Novo filme de Leonardo DiCaprio irrita indústria de diamantes

Líderes do setor de diamantes estão em alvoroço. O motivo é "The Blood Diamond" (o diamante sangrento), filme estrelado por Leonardo DiCaprio e ainda em produção. Segundo os empresários do ramo, a produç

O filme da Warner Brothers está sendo rodado na África e mostra como os chamados "diamantes de conflito" financiaram guerras civis sangrentas. DiCaprio faz o papel de um mercenário que é preso por contrabando em Serra Leoa, onde uma guerra civil que terminou em 2002 deixou 50 mil mortos.

Na terça-feira, a abertura do Congresso Mundial de Diamantes, representantes da indústria disseram que a situação com os diamantes de conflito melhorou de maneira dramática nos últimos anos. O temor é de que o filme não reflita essa suposta realidade.

"O problema dos diamantes de conflito praticamente acabou", exagera Shmuel Schnitzer, presidente em final de exercício da Federação Mundial de Bolsas de Diamantes (WFDB), que discursou numa conferência em Tel Aviv, um dos maiores centros mundiais de lapidação e comércio de diamantes.

Como se denúncias só pudessem ser feitas no calor da hora, Schnitzer apela: "Exibir um filme que levará o público a pensar que a situação continua a mesma será uma injustiça à nossa indústria, que já fez tanto".

Em comunicado à imprensa divulgado em fevereiro, a Warner Bros. Pictures disse que "The Blood Diamond" tinha entrado em produção na África do Sul e em Moçambique, estrelado por Leonardo DiCaprio e Jennifer Connelly. O estúdio não informou quando o filme será lançado, mas especula-se o mês de janeiro de 2007.

Temporada de compras
O setor de diamantes teme que o filme possa prejudicar suas vendas, especialmente se chegar aos cinemas por volta do fim do ano — o momento de pico das compras natalinas.

"As pessoas que o filme tenta ajudar podem ser as maiores prejudicadas, se não for explicado que muitos na África dependem dos diamantes para sua subsistência", declarou Eli Izhakoff, presidente do Conselho Mundial de Diamantes (WDC).

"O filme vai prejudicá-las, porque vai provocar redução nas vendas. Pode ter um efeito adverso sobre toda a África", disse ele, insinuando, com certa hipocrisia, que sua preocupação não é com os produtores — mas com os trabalhadores.

Izhakoff e outros representantes do setor dizem que a situação mudou radicalmente desde que, em 2000, foi instituído um sistema de certificação de diamantes brutos, conhecido como Processo Kimberley.

A WDC está negociando com o estúdio a inclusão no final do filme de uma cena que mostraria a implementação desse processo. "Eles (o estúdio) estão nos ouvindo e buscando documentação e evidências", disse Izhakoff. "Tudo dito, eles querem ser justos."

De acordo com Schnitzer, os diamantes de conflito hoje respondem por apenas 0,2% dos diamantes mundiais — o índice seria de 3 a 4% alguns anos atrás. Mas o setor e os grupos de direitos humanos divergem quanto à extensão da prática.

A Anistia Internacional — que no Dia dos Namorados nos Estados Unidos — lançou uma campanha contra os diamantes de conflito, disse que diamantes extraídos em regiões dominadas por rebeldes na Costa do Marfim, na África ocidental, ainda chegam ao mercado internacional.