Governo espanhol anuncia início de diálogo com ETA

A favor da maioria dos habitantes do país, na qual 60% dos habitantes defendem o diálogo com os separatistas, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodrigues Zapatero, anunciou nesta quinta-feira o início do processo de negociações

Zapatero, porém, ressalva que "as questões políticas só podem ser resolvidas com os representantes legitimos do povo." No comunicado lido ante os deputados Zapatero disse que o diálogo será “longo, duro e difícil”.

O líder do governo espanhol lembrou que é a primeira vez em quase 40 anos de luta armada no país que o ETA paralisa todas as suas ações. Por isso chamou o processo de paz de “oportunidade democrática única”. O ETA, que declarou cessar-fogo no dia 23 de março, surgiu nos anos 60 como um movimento estudantil de oposição à ditadura fascista de Francisco Franco.

“A paz só será forte se tiver raízes sociais profundas. As regras são respeito à pluralidade e à democracia, unidade e lealdade”, disse Zapatero. O primeiro-ministro pediu “prudência e discrição” para o diálogo, referindo-se também aos veículos de comunicação, para que evitem especulações sobre as negociações.

O comunicado teve ainda muitas alusões às vítimas do ETA: 817 mortos e 84 seqüestrados desde 1959. “Meu máximo respeito para as vítimas e seus familiares. Merecem toda a honra, dignidade e compreensão.”

“A democracia não vai pagar preço algum pela paz. O governo respeitará a lei de partidos; as questões políticas só se resolvem com forças políticas eleitas democraticamente”, disse ele.

Quanto à reivindicação histórica do ETA, de independência do País Basco, citada pela última vez no mais recente comunicado da organização, Zapatero também respondeu, observando que qualquer plebiscito sobre a separação de qualquer parte da Espanha é anticonstitucional.

“Os cidadãos bascos têm mais autonomia do que jamais tiveram. Eles escolheram democraticamente aprovando a constituição de 78, inclusive o estatuto de Guernica (legislação do estado basco)”.

O parlamento espanhol será fechado hoje para férias e o governo anunciou que em setembro haverá outro comunicado aos partidos sobre o andamento do diálogo de paz.